Acerca deste evento, que aponta um novo "paradigma territorial", fico a pensar em que é que alguns destes oradores, amplos defensores "na crista da onda" do actual paradigma territorial, que durante anos zelaram para este paradigma gerasse exactamente este planeamento (a falta dele) que temos, com as insuficiências que vemos, virem agora falar sobre alterações ao paradigma?
De que alterações irão então falar?
Que o carro eléctrico vai aparecer e é "ecológico" e vai resolver o concestionamento?
Que devemos andar de transporte público..."sempre que possivel"?
Que os edifícios são muito gastadores e têm que ser mais eficientes, mesmo que se mantenha a ideia de mais construção e em qualquer lado, em vez de reabilitar?
Que há que aproveitar os "clusters" empresarias para gerar mais valias (na moda, na fotografia, nas artes, nas indústrias criativas,...?)
Que os espaços verdes são mesmo muito importantes para a qualidade de vida urbana (jardins floridos e relvados regados a aspersor, com formas muito variadas e modernaças?
Aposto que disto vão falar.
Mas do que não vão falar é que o Modelo Territorial ainda em voga é EXACTAMENTE o mesmo que se defendia à 20 anos, "apimentado" agora com umas ideias ecológicas que nos permitam ser "muito ambientais", muito recicladores, muito modernos, mas sem impedir que possamos continuar a construir onde quisermos, a andar de carro para todo o lado, a ir a centros comerciais e a Business Centers espalhados um pouco pelo território, envolvendo estes investimentos em espaços verdes "de recreio e lazer", tratando os esgotos e o (muito) lixo que anda à volta deste modelo comportamental.
Não tenho dúvidas que o Paradigma Territorial, Ambiental, Social e Económico que se levanta exige cortar com o modelo actual e fazer com que o planeamento seja efectivo, e que, não só respeite as mais-valias ambientais, como as potencie no sentido de gerar um urbanismo integrado e de proximidade, que poupe energia e recursos no seu edificado, que gere emprego qualificado e sustentável, que torne as deslocações quotidianas mais sustentáveis e independentes de fontes energéticas, no fundo, que seja mais resiliente.
Tudo o resto, mesmo que melhorzinho, não chega e é acessório.
"Departamento de Arquitectura
Universidade Autónoma de Lisboa
Seminário DA/UAL 2010
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URBANISMO EM TEMPOS DE MUDANÇA
Novos paradigmas sociais, económicos e territoriais
8 de Julho | Lisboa
URBANISMO EM TEMPOS DE MUDANÇA
A crise económica que teve início em 2008 no Ocidente destaca-se das demais não somente pela sua dimensão, mas também pela sua natureza: contrariamente às precedentes, resulta não tanto da sobrevalorização de activos bolsistas como sobretudo do sobreaquecimento dos mercados hipotecários.
Por consequência, os sectores do imobiliário e construção civil vêem-se, depois de décadas de certa bonança, relativamente carentes de financiamento. O urbanismo, por seu turno, enfrenta além deste desafio económico uma nova realidade demográfica e territorial, vendo-se a braços com amplas malhas urbanas sub-povoadas à espera de um novo sentido útil.
O seminário Urbanismo em Tempo de Mudança pretende criar uma oportunidade para o público interessado escutar as perspectivas de vários especialistas que, seguindo trajectórias variadas naquela disciplina, têm para oferecer opiniões solidamente abalizadas sobre o status quo e o futuro próximo do planeamento das portuguesas.
Pela coordenação, Pedro Bingre do Amaral
LOCAL
Auditório da UAL
Boqueirão dos Ferreiros 11 , 1200-186 Lisboa
-Entrada livre-
PROGRAMA
10h00 Recepção
10h30 Eng.º Fernando Santo: Ordenamento, urbanismo e habitação
Professor do ISEG | Vogal do Conselho de Administração da Empresa Pública de
Urbanização de Lisboa | Bastonário da Ordem dos Engenheiros de 2004 a 2010
11h00 Eng.º Fonseca Ferreira: O urbanismo à escala da região
Professor Associado da Universidade Atlântica | Vereador do Município de Palmela |
Presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo de 1998 a 2009
11h30 Eng.º Ricardo Veludo: Economia imobiliária em transição
Docente da Universidade Católica e da Escola Superior de Actividades Imobiliárias |
Consultor na área do Planeamento e Urbanismo
12h00 Debate
13h00 Almoço
14h30 Arq.ª Helena Roseta: Planeamento emergente
Vereadora do Município de Lisboa | Bastonária da Ordem dos Arquitecto de 2001 a 2007
15h00 Prof. Paulo Correia: Urbanismo e Política de Solos
Professor Associado do Instituto Superior Técnico | Membro do "Editorial Board"
da revista "Planning Theory and Practice", Routledge & Royal Town Planning Institute, Londres
15h30 Prof. Sidónio Pardal Ordenamento dos espaços rústicos
Professor Associado do Instituto Superior de Agronomia | Arquitecto Paisagista
16h00 Debate
17h00 Encerramento"
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