segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A neve na Serra

























Paulo Teixeira de Morais (fonte AQUI), por quem tenho simpatia pelo trabalho de denúncia que tem feito em favor de uma maior transparência, tem-se estendido no comentário da actividade quotidiana a vários niveis. 
Um deles, naturalmente uma tentação: criticar porque é que quando neva na Serra da Estrela, as estradas ficam intransitáveis. É um facto... mas é por horas, já que o dispositivo de manutenção até é bastante eficaz. O problema da Serra da Estrela é de fundo: faz sentido haver uma estrada nacional que suba a 2.000m de altura durante o Inverno e querê-la aberta independentemente das condições atmosféricas? Tenho dúvidas, a ver pela generalidade das estradas que atravessam montanhas por essa Europa fora. Não é comum subir-se tão alto e querer as estradas abertas. Quais as alternativas? 
Bem, em Países ricos o atravessamento da Serra seria parcialmente em túnel, sob o maciço central, a bem da poupança de combustivel, aumento da segurança rodoviária, eficácia do traçado e até protecção ambiental e da Paisagem, com forte redução do efeito barreira com impactes na fauna. Mas não temos dinheiro, todos sabemos. Como fazer?
O actual dispositivo de manutenção utiliza toneladas de sal, algo que afecta as condições locais e terá naturalmente impacter relevantes a prazo nos aquiferos. 
Uma proposta que seria de equacionar poderia, pelo menos entre 01 de Novembro e 15 de Abril, passar por restrições na subida à Serra da Estrela, até por torná-la quem sabe unicamente com recurso a transporte colectivo especificamente dimensionado para as condições locais. Veiculos pesados de grande capacidade e resistência que dispensariam limpezas exaustivas de neve e que estariam abrangidos na aquisição de um bilhete que envolvia um serviço de informação e sensibilização ambiental. Em ambos os lados da serra (Sabugueiro e Penhas da Saúde), estacionamentos de grande capacidade estariam suportados num edifício de interpretação e recepção de visitantes, com exposições, auditório, loja, cafetaria. No caso das Penhas da Saúde o local está definido, junto ao abandonado edifício do teleférico inacabado (outra solução a re-avaliar). Na Torre, os locais de paragem teriam edificios de apoio e resguardo, já que actualmente as pessoas utilizam os seus veículos para o efeito.
O preço a pagar pela viagem teria variadas vantagens, tornando possivel o acesso em quaisquer condições climatéricas e compensando o risco rodoviário da viagem em veiculos e condutores na generalidade pouco preparados a circular em montanha, a diminuição da intensidade da carga de manutenção, pelo aumento da qualidade e conteúdos das visitas e pela geração de empregos qualificados na promoção deste destino, incluindo a compensação financeira para suportar uma política de conservação da natureza em toda esta área do maciço central.
Bom seria um esquema deste tipo ser para o ano todo, até para reforçar o retorno do investimento. Mas já sabemos como o "direito adquirido" à utilização do automóvel funciona em Portugal contra quaisquer medidas restritivas. E quem tudo quer tudo perde.

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