segunda-feira, 27 de maio de 2013

Encaixotar a Paisagem

O que chamaria de ensaio vivo sobre a ineficiência energética dos edifícios, sob a capa do formalismo pós-moderno.
De facto, tenho-me cruzado com muitos estudantes de arquitectura na minha viagem diária de comboio. Julgo que são de arquitectura porque levam maquetes de edifícios que estão a trabalhar nas suas disciplinas, e é quase certo que são volumes do tipo "caixotes", quer de cartão, quer de madeira de balsa, quer de outros materiais.
Não nos espantemos pois se numa baía com tanto potencial como a de Cascais, se deite abaixo o obsoleto "Estoril-Sol" para erguer de imediato o já obsoleto edifício de metal e vidro que lá vemos, cujo resultado em matéria de ineficiência energética deve, certamente, bater todos os recordes. Haja dinheiro.

domingo, 26 de maio de 2013

Uma das Leis mais perigosas da nossa História

Ontem Lisboa juntou-se ao resto do mundo na sua luta contra a obrigatoriedade de patentear as sementes.
É um dos maiores ataques à nossa civilização este que estamos a assistir no que respeita à criminalização das variedades tradicionais, em detrimento de "sementes-marca".
Este artigo é rigorosamente verdade e destaco este parágrafo para que se perceba o enorme problema que temos em mãos: "Uma das consequências mais comprovadas da marcha da Monsanto é a irreversível contaminação genética dos ecossistemas pelos OGM, sendo que a presença desse código genético implica o pagamento das patentes desses genes cobrado pelas companhias."
Achei que ontem fomos muito poucos. Muito poucos perante a extrema gravidade do que está em causa. E é algo irreversível. As pessoas estão claramente a passar ao lado disto. E é muito grave, mas o Governo Português é claramente cúmplice, por que nada faz, nada diz, quando tudo tinha para se opôr a esta barbárie.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O que está afinal a fazer as pessoas andarem mais de bicicleta em Lisboa?

Que o número de ciclistas aumenta de forma visível em Lisboa, isso não há grandes dúvidas. E que aumenta de forma mais considerável do que em concelhos limítrofes, também me parece óbvio.
A cidade de Lisboa, a mesma onde a bicicleta era "impossível" transformou-se afinal numa cidade onde é hoje impossível sim não se ver diariamente ciclistas que usam a bicicleta para o trabalho.
No meu "facebook" e não só discuto abertamernte estas questões com muita gente.
Da minha parte considero que se trata de um conjunto variado de razões, mas que o papel que o Município teve com a introdução de uma rede de ciclovias de quase 50km, a construção de 5 pontes ciclopedonais para ultrapassar obstáculos físicos penalizantes, a colocação de dezenas de pontos de estacionamento de bicicletas e com acções diversas de promoção e sensibilização tem uma importância decisiva para que as pessoas saiam para a rua todos os dias.
Numa cidade altamente motorizada, onde a redução de tráfego e de espaço automóvel que se tem conseguido em vários locais (Baixa, Avenida da Liberdade, Marquês de Pombal, Avenida Duque d´Ávila, etc), numa atitude sem precedentes na Cidade, em caso algum retira o carácter altamente motorizado que está instalado há décadas, é óbvio que a criação de percursos cicláveis teve e continua a ter um papel fundamental.
Fico portanto preocupado com comentários de pessoas com responsabilidade no acompanhamento destas matérias expressem a convicção de que terá sido apenas a crise e o papel das ONGs ligadas à bicicleta a conseguir estes resultados, ignorando por completo tudo o resto. 
Preocupado porque denota uma enorme dificuldade em aceitar que não há importação de receitas fixas para atingir uma cidade ciclável. 
Preocupado porque outras cidades em situações semelhantes, como Sevilha, estão hoje cotados internacionalmente pelos seus excelentes resultados, após actuações em boa parte semelhantes. 
Preocupado porque esta análise denota que não se compara sequer o que se passa, por exemplo na Duque d´Ávila com as Avenidas que lhe estão adjacentes em matéria de fluxo ciclável, o que considero grave pois demonstra uma rigidez na apreciação da realidade que em nada abona a favor de soluções de consenso nestas matérias.
Por fim, o seguinte: entre a teoria e a concretização há uma estratégia, um caminho a percorrer e em boa parte as estratégias assumem um carácter de tomadas de decisão política. E esse caminho que está a ser percorrido deve ser ajustado passo a passo, com todos os envolvidos.
Não me parece que o balanço do que tem sido feito em matéria de bicicletas seja negativo, antes pelo contrário, mas se o trabalho do Município é visto simplificada e rigidamente desta forma por alguns actores relevantes do chamado "movimento ciclista", teremos um trabalho bem mais complexo pela frente do que eu alguma vez pensei, pelo menos no que a este aspecto de avaliação e diagnóstico diz respeito. 
Isto porque o trabalho do Município não é satisfazer nenhum "lobby" ciclista em particular, mas sim a população em geral (em geral avessa à ideia da bicicleta de uso quotidiano), cativando-a independentemente da  sua classe etária, classe social ou actuais hábitos, de que a bicicleta é um meio de transporte válido e útil para elas e para uma melhor cidade, sozinha ou em articulação com o transporte público.

sábado, 11 de maio de 2013

A transferência da falta de confiança

Temos assistido nos últimos tempos em Lisboa a um estranho fenómeno: o de criticar toda e qualquer acção que envolva abate de árvores em meio urbano.
Esta situação é tanto mais grave quanto são públicas as responsabilidades civis e criminais sobre os responsáveis autárquicos nas situações em que o mau estado fitossanitário do arvoredo venha a configurar prejuízos a terceiros. Já houve no passado conhecidas sentenças judiciais sobre casos semelhantes.
Em Lisboa, fruto do seu mediatismo e do elevado grau de participação cívica, qualquer árvores abatida em resultado das suas detereoradas condições fitossanitárias, configura um motivo para rápidas especulações.
O Município de Lisboa tem conseguido divulgar estas situações através de relatórios online com fotos e detalhes técnicos das condições fitossanitárias do arvoredo, justificações e descrições. (CONSULTAR AQUI)
Fruto da natural discrepância entre quem conhece as patologias vegetais e o comum dos cidadãos que avalia mediante intuição, verificam-se incompreensões que culminam em campanhas públicas sobre os então denominados "arborícidios". Considero neste aspecto muito grave quando associações e movimentos, estando na posse de informação, nao a divulgam junto dos cidadãos preocupados e que buscam nestas auxílio para as suas dúvidas. Quem ganha com o perpetuar da dúvida?
É certo que décadas de "podas camarárias" não ajudam a fomentar a confiança entre os cidadãos e os poderes públicos responsáveis pela manutenção do arvoredo, mas o que tenho assistido em termos de campanha negativa nestes últimos anos é absolutamente lamentável para as associações em causa, demonstrando que a habitual falta de confiança ainda comum entre o cidadão e o município tenderá, por este andar, a transformar-se progressivamene numa falta de confiança entre o cidadão e algumas ONGAs.  
 
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