quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O que é o Corredor Verde Oriental?


Depois do Corredor Verde de Monsanto ter sido construído, acentuaram-se todos os esforços na construção de mais dois outros corredores de grande importância ecológica para a Cidade.
O primeiro é o Parque Periférico, onde após a construção do Parque da Quinta da Granja em Benfica, da Quinta do Bom-Nome em Carnide e da Quinta da Paz no Lumiar, se avançou recentemente com as obras no grande parque do Vale da Ameixoeira, em Santa Clara. 
O outro é o Corredor Verde Oriental, um grande corredor que liga o planalto do Areeiro ao Rio através do Parque da Bela-Vista. Com 2 passagens superiores existentes e uma terceira em estudo, este corredor verde conjugará 6 parques urbanos e será totalmente percorrivel a pé e de bicicleta.
Entre estes parques está por estruturar o do Casal Vistoso, o Vale da Montanha, a ligação entre o Parque do Vale de Chelas e a qualificação da área sul do Parque do Vale Fundão, incluindo a ligação à Quinta das Flores.
Com cerca de 109 hectares, este corredor será uma peça única da Estrutura Ecológica da Cidade, colocando em rede várias estruturas multifuncionais, conjugando vários parques hortícolas e ligando de forma contínua o planalto do Areeiro ao Rio.
Mãos à obra!








domingo, 15 de dezembro de 2013

Participação pública sobre a Revisão do PDM de Oeiras

Apesar da CMO ter anunciado publicamente adiadas todas as sessões de participação pública que, finalmente, havia decidido a organizar, informando que as razões de deviam a um novo parecer de acompanhamento recebido, resolvi não arriscar a deixar passar a data limite inicial de 17 de Dezembro de 2013 para a submissão da minha avaliação muito crítica este documento.
Aqui a exponho nos mesmos moldes com que enviarei para a CMO a 17/12 por e-mail.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Contra o céu





terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Carnívoro X Vegetariano?

Eu acho que a discussão em torno da alimentação ambientalmente sustentável não deve granitar em torno da assumpção de que uma alimentação vegetariana seria adequada, em contraponto com o consumo de carne, por si só insustentável.
Na verdade, se forem avaliados os ciclos de vida dos materiais num ecossistema, rapidamente se compreenderá que os benefícios da existência de animais de pasto é de grande importância. Sem eles o mato tomaria a maior parte dos prados e os incêndios seriam em seguida mais que certos. Entre outros. 
Um encabeçamento controlado e moderado permite a contínua transferência de matéria orgânica do sumidouro "vegetação" para o sumidouro "animal". É verdade que há impactes de transporte acrescído com os animais, mas está longe de ser claro quais os impactes globais nos ecossistemas se não houvesse alimentação à base de proteína animal. E claro, não vale introduzir a variante de ter os animais no sistema mas não os consumir...
É que este compromisso entre comer carne da forma descontrolada como é feita actualmente é algo bem diferente de sugerir reduzir o seu consumo, por exemplo em 50%, e basear o consumo de carne em espécies de pasto livre, de preferência de origem local. Comer menos e mesnos vezes, mas comer melhor. Ganhavamos todos com isso e a procura de espécies de pasto, locais, favorecia o emprego e a riqueza nacionais. Já nem falo da saúde!
Em Portugal, mas não só, os movimentos que defendem o vegetarianismo preferem não debater esta alternativa sustentável e, pior, dedicam a maior parte das suas energias em causas como as touradas, em vez de combaterem com a mesma determinação esta vergonhosa realidade de que o filme abaixo trata. Porque será isso?
Imagem AQUI e vídeo AQUI

sábado, 30 de novembro de 2013

Meu contributo para a clarificação técnica do valor da calçada

A propósito de um simpático convite do Luis Escudeiro da ACA-M, fiz um depoimento gravado a propósito do tema central deste curso livre - sobrevivência rodoviária e pedonal - mas abordei temas como o conforto pedonal no espaço público. 
E a esse propósito não fugi ao tema da calçada e deixei a minha opinião. O Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa é um documento ainda totalmente aberto à discussão e vão pois a tempo todos os contributos em todas as áreas que aborda. Já o tinha AQUI falado há pouco tempo a propósito do contributo que submeti no período de discussão pública. 
Fica o excerto relativo a esta questão:

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A estrutura ecológica de Oeiras e o PDM

IMAGEM e conteúdos documentais AQUI

Em matéria do que são mais opções em planeamento, fica uma imagem da proposta de plano, que fala por 1000 palavras.
Fui convidado como orador sobre esta revisão do PDM do Concelho de Oeiras. 
Veja-se este excerto de parte da Planta de Ordenamento no âmbito da proposta de revisão: É a prova de que vivemos num mundo em que os discursos e a prática são antagónicos. Considerando que as áreas a magenta riscado são, sem mais nem menos, novas áreas de expansão urbana previstas, sobre solos na maioria de grande qualidade e com grande potencial, e ainda para mais localizadas longe das principais interfaces de transportes, torna-se difícil de conceber que se insista no mesmo modelo que nos trouxe até aqui: Novas urbanizações, potenciação do uso do automóvel em detrimento de outros meios de deslocação, mais impermeabilização de solos e destruição para sempre de solos de elevada qualidade, ausência de continuidade ecológica e de corredores verdes, destruição dos cobertos naturais, desaproveitamento do sistema hidrológico, entre outras lacunas.
É de facto imprescindível discutir opções que terão nefastos custos para os cidadãos a prazo, caso venham a ser tomadas. Fica assim o convite, do qual destaco as seguintes frases retirados da convocatória:

"A revisão do PDM de Oeiras está em discussão pública até ao próximo dia 17 de Dezembro. Teve início em 31 de Julho de 2013, com uma única sessão pública promovida pela CMO. Até hoje, não foi realizada nenhuma outra sessão de esclarecimento para animar o debate público e aumentar o conhecimento das populações sobre as principais questões do PDM. 

A POSAM em colaboração com outras associações e movimentos cívicos de Oeiras promovem e convidam todos os munícipes interessados a participar num debate subordinado ao tema “A estrutura ecológica de Oeiras e o PDM”, a realizar no próximo dia 27 de Novembro, às 18h 30, no Centro Paroquial de Nova Oeiras."

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Portuguese project crowned best climate solution in European competition

Prado Biodiverso no Corredor Verde em Lisboa (Inverno)

Prado Biodiverso no Corredor Verde em Lisboa (Primavera)

Prado Biodiverso no Corredor Verde em Lisboa (Verão)

"A Comissão Europeia anunciou hoje o grande vencedor do concurso europeu «Um mundo que me agrada» para a melhor solução contra as alterações climáticas. O projeto português «Pastagens Semeadas Biodiversas» foi coroado vencedor do concurso por preconizar uma solução inovadora para a redução das emissões de CO2, a erosão dos solos e os riscos de incêndios florestais, aumentando simultaneamente a produtividade das pastagens." in http://world-you-like.europa.eu/en/success-stories/project-overview/sown-biodiverse-pastures-for-climate-change-mitigation-and-soil-protection/

Uma grande vitória! Um grande reconhecimento!

As pastagens biodiversas são sem dúvida uma grande ideia portuguesa, talhada para o futuro. No meio rural mas também no meio urbano.

Lisboa foi a primeira cidade a apostar em prados biodiversos em meio urbano, numa pequena área experimental de 1.0ha. Fiz muita força para se experimentar esta solução, cujos resultados são excelentes e estão à vista. 
Estes prados não necessitam de rega, são altamente estéticos e a manutenção é muito reduzida. Campeões na captação de CO2 no solo e na fixação de azoto, dispensam adubação extra. São altamente atractivos para a biodiversidade animal, designadamente insectos e aves. Acho que é uma solução a ter em conta se quisermos ter vastas áreas urbanas e peri-urbanas com qualidade, baixa manutenção e um carácter natural.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O papel da calçada em meio urbano

Foto AQUI. O Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa é um bom documento de reflexão e proposta rumo à mobilidade para todos. Hoje o peão é o parente pobre das nossas cidades, confinado a uma faixa mínima de espaço, muitas vezes estreito demais, ocupado com objetos e mal mantido. 
Mas, no meio de tantos factores que urge alterar, entendo que a calçada está a ser injustamente culpada por muitos dos factores de desconforto sentidos pelo peão. A argumentação na defesa de alternativas à calçada é louvável e é uma discussão que vale a pena ter, mas desde que assente em bons princípios. A calçada tem hoje um papel único na Cidade de Lisboa a vários níveis e convém dissecar o que tem corrido mal na calçada para melhorar e evoluir e nunca promover à partida o seu desaparecimento. 
Sobre essa discussão resolvi submenter uma participação no período de consulta pública, a qual dou conhecimento AQUI.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O corredor verde da Ribeira de Barcarena

Nascendo na Serra da Carregueira e terminando na praia de Caxias, a Ribeira de Barcarena é mais um dos potenciais corredores verdes metropolitanos. Começando no Concelho de Sintra onde atravessa o Cacém, onde se chama de Ribeira das Jardas, entra em Oeiras pela Fábrica da Pólvora.
O vale formado por esta linha de água é quase sempre encaixado, fruto da erosão da geologia basáltica. Próximo da foz, a Ribeira furou mesmo uma antiga cratera vulcânica.
Numa visão abrangente da Área Metropolitana, a criação de corredores verdes através das principais linhas de água e vales é um aspecto fundamental para o funcionamento dos ecossistemas, com a criação de continuidade ecológica, em contraponto à criação de Parques Urbanos convencionais, cujos custos de instalação e manutenção se tornam inviáveis, e cujo conceito não responde às necessidades e aspirações das populações. 
A Ribeira de Barcarena devia ter uma estratégia integrada que a tornasse um corredor multi-funcional, assente na sua linha de água e margens requalificadas e na criação de um conjunto de valências paisagísticas que tirassem partido das actividades produtivas.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Reforma de mentalidades

Austeridade nem sempre significa pobreza. Esta imagem mostra-o sem quaisquer dúvidas.
Por cá tem significado o que já se chama de "cortes horizontais", ou seja, reduzir as despesas de funcionamento de forma igualitária entre diversos sectores, deixando tudo a funcionar com a mesma estrutura, mas pior.
Há um preconceito ideológico contra o Estado e contra o Serviço Público, enquanto as grandes reformas estão todas por fazer. E entretanto o País empobreceu, mas manteve a mesma maneira de pensar e de estar. E entretanto a demagogia avança a passos largos, contra os políticos, que estão hoje catalogados como gastadores e cada vez mais descredibilizados.
Uma das reformas de fundo que há que fazer é a reforma da sobriedade. Aquela que nos permitirá viver com o necessário, gastar onde é preciso e poupar no resto. Apostar em actividades económicas rentáveis, com retorno social e tirando partido da qualidade ambiental para a sua diferenciação. 
Fonte "Sustrans", Reino Unido: AQUI

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A moeda "tempo"

Uma das poucas moedas que o Estado ainda controla é o tempo. E é uma moeda poderosa. Porque o tempo valoriza-se ou desvaloriza-se.
Reduzir os salários, só poderia ser aceite, conseguindo a necessária compensação em "tempo". O tempo vale dinheiro e ganhar menos tem custos.
Reduzir salários e ainda aumentar o tempo de trabalho é um triplo roubo. Sim, triplo porque trabalhar mais horas obriga ainda a despesas extra, e as receitas baixam.

E isso aplica-se a sector público e privado.

FOTO AQUI

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Areia para os olhos

Foto AQUI
Que post desconcertante! "Temperatura is not the only thing rising".
Vejo um leito de cheia transbordado e um polidesportivo (eventualmente) mal localizado. 
A propósito dos mais recentes dados sobre o tal aquecimento global, faz algum sentido atirar-nos areia para os olhos? 
Mais do que nunca faz sentido sermos Ecologistas de verdade, e focarmo-nos efectivamente no essencial. As alterações climáticas acontecem pelas alterações de uso do solo e os seus impactos e efeitos são dramáticos e sentem-se todos os dias. Alterações de uso do solo produzem a fragmentação dos ecossistemas e alteram o seu funcionamento, culminando na extinção de espécies e na degradação da Biodiversidade. 
Alterações de uso do solo produzem alterações climáticas locais, aumentando o regime pluviométrico, alterando por exemplo o ciclo das culturas agrícolas. Por exemplo, alterações de cobertos arbóreos espontâneos por outras espécies é uma alteração de uso do solo significativa, não se deve considerar apenas a sua impermeabilização.

No litoral, a alteração da deriva litoral aumenta a erosão costeira e fragiliza mais ainda áreas sensíveis.
Em meio urbano, alterações de uso do solo tendem a radicalizar fenómenos que de outra forma seriam normais, tais como cheias ou aumentando os fenómeno da "ilha de calor". 

Temos que actuar com urgência nestes aspectos que referi através de medidas concretas ao nível do ordenamento do território. O pior que poderia acontecer é continuarmos agarrados a esta indefinição à escala global enquanto destruímos localmente o nosso planeta. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Os patos de Ribeiro Telles e os ciclistas que aparecem

(Estacionamento de bicicletas num serviço da Câmara Municipal de Lisboa)
As ciclovias, em Lisboa e não só, são sempre um tema quente para muita gente. Não fujo a ele.
Conheço os seus defeitos e as suas perversidades e sei que em muitos casos são uma forma de compromisso determinados volumes de tráfego. 
Mas as suas vantagens são evidentes. Atraem gente para o uso da bicicleta, criando massa crítica para, ao poucos, se irem adoptando soluções de partilha da via. 
O número de ciclistas em Lisboa tem aumentado a olhos vistos e as tais ciclovias de que muitos não gostam estão efectivamente cada vez mais utilizadas. Há cada vez mais gente a ir de bicicleta para o trabalho ou para a escola.
À semelhança de outras cidades muito motorizadas têm cumprido muito bem o seu papel de fazer mudar costumes e em muitos casos trouxeram a qualificação de ruas e avenidas, associado a zonas verdes e melhor e4spaço público. Agrada-me ver isso reconhecido. Paula Moura Pinheiro escreveu esta crónica que abaixo retrato porque é alguém que é fora do chamado "meio ciclista". E talvez esse afastamento seja muito importante:

"NATUREZA, por Paula Moura Pinheiro, FONTE AQUI

Há uns anos tive uma das saídas mais cretinas que já me aconteceram em contexto profissional. Estava a seguir Gonçalo Ribeiro Telles para uma reportagem sobre as obras que viriam a resultar no Jardim Amália Rodrigues, no topo do Parque Eduardo VII, em Lisboa. A dado passo, o arquitecto diz: “tem de imaginar que aqui será o lago. Está a ver? Isto tudo água, com uma série de patos…” E eu digo: “Ah, patos. Que bela ideia. Vão pôr patos aqui.” O velho senhor fixa-me devagar: “Não. Não vamos pôr patos em lado nenhum. Vamos criar as condições – um lago – e os patos aparecem naturalmente. Olhe, muito provavelmente alguns virão do lago da Gulbenkian.”

Glup. Pois claro. Criam-se as condições e as coisas acontecem.

Nunca mais me esqueci deste diálogo. Não tanto por ter feito de tonta com um velho sábio, mas porque os patos, efectivamente, apareceram. Ao longo dos anos tenho testemunhado como são muitos e vivazes, como chegam e partem livremente. Apenas porque ali encontram condições apetecíveis, adequadas.

Quando em Lisboa se começaram as obras para os percursos pedestres e para as ciclovias não faltou a habitual vozearia contra o despesismo e o transtorno e a falta de lugares de estacionamento. Na minha família, os mais velhos foram particularmente críticos. Para quê? Quem é que vai andar de bicicleta ou correr na cidade das sete Colinas?! E eu sismava nos patos. Criam-se as condições e eles aparecem. Talvez, dizia para comigo, talvez o sedentário lisboeta se ponha finalmente a pedalar ou a fazer corridas ao fim da tarde.

Hoje, é vê-los. São tantos, são cada vez mais. Criam-se as condições e as coisas acontecem. A natureza tem tanto para nos ensinar."

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Alhos e Bugalhos

Sobre os fogos, Henrique Pereira dos Santos escreve um artigo focado numa coisa: provar, assente nos dados, que os eucaliptais geridos intensivamente não ardem mais. É bom que se esclareça esta questão, mas a mim não me dá nenhum dado relevante sobre o problema central territorial. Deve ser bom para as celuloses que o seu ganha-pão não arda e, por isso mesmo investem os meios necessários para serem bem sucedidos, mas e daí?
É que os eucaliptais intensivos ardem menos, tal como ardem menos os pinhais cujos sub-cobertos sejam limpos. E a mesma coisa se aplicará a todos os bosques ordenados. O ponto fulcral é a medida de comparação. Arde menos em relação a quê? Aos matos, aos eucaliptais mal geridos, aos pinhais mal geridos, aos carvalhais? 
A "mata" versus "floresta" é de certeza um bom ponto de partida de comparação, nomeadamente de todos os serviços que cada um presta à comunidade. Há uns tempos falou-se muito deste documentário da BBC sobre o montado, e ficou bem clara a dimensão dos serviços ecológicos em presença, a que os eucaliptais jamais se compararão. É que depois há "matas" e "matas" e há "florestas" e "florestas". O fogo é importante mas gostava de saber uma avaliação global de todos os impactes. É certo que o artigo se foca no fogo e era aí que se pretendia chegar.
E este meu post também não pretende concluir que não deva haver eucaliptais, mas sim que o ordenamento florestal devia impedir a sua proliferação, a sua implantação excessiva face à capacidade dos solos, e mais ainda impedindo, por exemplo, que se possa plantar eucalipto em pequenas explorações de forma livre, tal como a nova legislação agora permite. 
E uma coisa é certa: a diversidade agro-florestal é, com toda a certeza, a melhor forma de evitar os fogos. O pastoreio, a existência de alternâncias, a garantia do funcionamento dos escossistemas naturais através de corredores e bolsas de vegetação natural. 
Focar a discussão em que o eucalipto intensivo arde menos é escrever por torto por linhas tortas e daqui não resultará nada de produtivo neste âmbito.

sábado, 7 de setembro de 2013

Quando a arquitectura é um perigo à solta (II)

A quantificação dos erros de arquitectura é frequentemente incerta e de dificil quantificação.
Um mau projecto pode conduzir, por exemplo, a duradoiros gastos energéticos, pode destruir o enquadramento paisagistico de uma determinada área, pode alterar o albedo de uma rua e contribuir para o efeito da ilha de calor, entre vários factores cujos prejuízos são, normalmente, dificilmente imputáveis aos seus autores. 
Nos últimos tempos tem havido alguns casos em que os erros são, aparentemente, mais facilmente quantificáveis, designadamente os recentes casos do acórdão do tribunal Italiano para a ponte de Calatrava e os impactes terriveis do edifício de Rafael Viñoly em Londres, onde se estrelam ovos na rua tal a temperatura gerada pela reflexão luminosa das suas fachadas.
Eu gostaria que estes exemplos aberrantes servissem, para além dos custos que a justiça entenda que é justo cobrar, como exemplos de como a arquitectura está numa fase perigosa da sua história, onde o arquitecto perdeu muitas vezes as bases da concepção arquitectónica e onde se permite desenhar o que se entende, sem nenhuma relação com o sítio, sem nenhuma preocupação ambiental, sem nenhum critério para além o da própria formalização que o próprio arquitecto entende, livremente, para a sua obra.
É tempo de pensarmos a sério sobre isto, em nome do bem comum.
Foto AQUI

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Quando a arquitectura é um perigo à solta

É verdade: mamarrachos há-os em todas as épocas mas temo que hoje os edifícios como se mostra na foto da direita sejam tudo menos considerados "mamarrachos e muito menos pelos seus autores que muito se orgulharão da "contemporaneidade" das suas linhas...
Hoje perderam-se completamente os contextos e as mínimas orientações quanto aos projectos de arquitectura. E por isso, é muito mais grave desenhar "mamarrachos" nos tempos actuais, mas muito mais quando se destrói um enorme pinhal em frente ao mar com um loteamento e, até ao momento, todos os edifícios nos lotes construídos são semelhantes aos que a foto mostra! E todos projectados por arquitectos diferentes, presume-se, já que após o loteamento aprovado, os lotes são adquiridos pelos proprietários que decidem, dentro dos limites de densidade aprovados, o que construir e quando.
Faz falta, muita falta, haver um código arquitectónico para todo o País. É polémico, mas é muito mais polémico que seja o RJUE a legislar em matéria urbanistica, com total ausência de código arquitectónico.
Os loteamentos e a ausência de código arquitectónico têm destruído as nossas Paisagens.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Transportes Públicos: Lisboa / Berlim

     Região de Berlim
 
      Área Metropolitana de Lisboa

Procurei uma comparação simples entre a Área Metropolitana de Lisboa e de Berlim, apresentando imagens com o mesmo grau de detalhe (a mesma escala). Note-se que os limites da região de Berlim ocupam a parte central da imagem, enquanto a área metropolitana de Lisboa servida por transportes estende-se sensivelmente na mesma proporção, mas devido ao relevo, com disposições diferentes.
Se a escala do mapa é a mesma, mais difícil é comparar a realidade dos transportes públicos das duas áreas metropolitanas. Nem vou falar da dimensão da rede, pois aí a dimensão é francamente subjectiva. Vou comparar alguns factos que me parecem interessantes:
1 - Em Berlim, um bilhete 30 dias custa 78,00EUR e permite viajar em toda a rede de transportes em toda a área Metropolitana. Experimente aqui tentar encontrar um bilhete único para toda a área de Lisboa...Valores combinados de apenas alguns dos operadores em Lisboa facilmente ultrapassam os 100,00EUR e não cobrem nem de perto nem de longe a mesma área geográfica... Não consigo perceber quanto custaria um bilhete completo de todos os operadores, mas julgo que ultrapassará sem problemas os 200EUR pelo menos.
2 - Em Berlim, a rede de transportes funciona 24h por dia nas vésperas de sábados ou domingos e ainda vésperas de feriado.
3 - Um bilhete simples para toda a rede custa 2,60EUR em Berlim e permite, durante 2h usar toda a rede. 
4 - Quem comprar o bilhete 30 dias, está autorizado a trabsportar consigo uma pessoa gratuitamente a partir das 20H todos os dias e durante todo o fim de semana.
Podia-me alongar sobre outros requisitos da qualidade de serviço, modernidade e conforto, mas aquilo que se demonstra com alguma facilidade é que por cá entende-se o Transporte Público como "despesa", enquanto em Berlim (e na Alemanha em geral) como investimento ao serviço de pessoas e empresas, com retorno em ganhos económicos.
O resultado em Lisboa é que o serviço é muito mais caro, muito pior e, diga-se, cada vez pior e menos frequente. É um ciclo vicioso que só se quebra com uma mudança ideológica, que permita que a estratégia seja a da motivação do uso e nunca o contrário, permitindo amortizar os ganhos de eficiência com ganhos económicos. Estamos muito longe desta visão e isso explica facilmente boa parte dos nossos atrasos estruturais. 
O nosso primeiro atraso é um défice de mentalidades e de liderança.

domingo, 28 de julho de 2013

A rápida evolução de um projecto de espaço verde


    2010
    2013
Quando em 2010 postei sobre o Parque Hortícola da Rebelva (Cascais), apenas na minha cabeça de projectista, e de quem igualmente acompanhou o projecto e a obra, estavam as imagens que três anos volvidos pude constatar "in loco".
Há uma evolução permanente neste espaço, mas as apostas que se fizeram para a qualificação de toda esta faixa para Norte da Quinta da Alagoa estão, a meu ver, conseguidas. 
O percurso, outrora pouco amistoso, está consolidado e serve hoje de atalho diário para ciclistas e peões, num ambiente cada vez mais colorido e frondoso. 
O Parque Hortícola resultou em pleno, está ocupado ao milimetro e tem potencialidade para crescer e ocupar algumas das áreas de enquadramento nas imediações. 
As pracetas funcionam bem em articulação com as habitações e os materiais estão intactos. 
As áreas de recreio activo em relva são apenas uma pequena parte de toda a área e estão concentradas sobretudo em duas únicas plataformas, com boa exposição solar e topografia adequada. 
Todos os espaços verdes são ocupados por revestimento arbustivo e sub-arbustivos de espécies autóctones ou adaptadas, de forma a que nesta altura uma falha de água ou mesmo de manutenção não as colocaria já em risco.
Ser arquitecto paisagista tem também estes momentos de satisfação: quando vemos evoluir no bom sentido os projectos que com tanto esforço desenvolvemos.


 
  
 
 
 
 


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Um compromisso de salvação, quem sabe mais simples...

Nem me interessa quem coloca os paineis eleitorais. Os resultados estão bem à vista no solo.
Há uma Lei em Portugal que permite a colocação de paineis onde se queira, com a excepção de haver protecção patrimonial consagrada.
É pouco. Muito pouco. Um outdoor é uma barreira opaca, os seus postes exigem fundações e a sua colocação, tantas vezes descuidada, destroi locais, corta vistas e altera profundamente a qualidade dos espaços.
Estava na hora de conseguir um amplo consenso sobre o equilibrio entre o direito à publicidade e o direito dos cidadãos a usufruirem dos seus espaços. Julgo que este consenso é tangível e também urgente.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Entrevista ao "Jornal do Pedal"

Fui entrevistado pelo Tiago Carvalho para o "Jornal do Pedal" sobre alguns aspectos da estratégia para as bicicletas em Lisboa.
O Jornal está aí disponivel, mas há uma versão online AQUI

domingo, 14 de julho de 2013

Vale tudo, menos piqueniques

Já tinha visto muita coisa, mas um jardim de Bairro repleto de placas de tamanho "XL" a proibir piqueniques, isso nunca tinha visto.
Isto num jardim cada vez mais descaracterizado, também por placas, e onde é possivel fazer-se de tudo com as devidas autorizações. O jardim tem durante largos meses contentores que servem grelhados e até serviu para uma gigantesca exposição de carros usados, que na altura fiz a devida referência.
Talvez ainda ninguém tenha olhado verdadeiramente para a degradação que se está a tranaformar o Jardim central de Paço d´Arcos, mas valia a pena...

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A revolução da sobriedade


A imagem é de Leonardo Di Caprio a andar naturalmente de bicicleta em Nova Iorque, mas começo por citar de cor Helena Roseta relembrando parte do seu discurso este sábado em Lisboa: "Austeridade pela austeridade, não! Mas o que aprendemos com os ecologistas é que é preciso nos tempos que correm sermos capazes de optar pela sobriedade. O mundo não aguenta este nível de consumismo".
Lembro-me de um excelente artigo de Henrique Pereira dos Santos há uns meses atrás, em plena "crise Jonet", quando clarificava a provável falta de habilidade da Presidente do Banco Alimentar para tentar transmitir este conceito.
O que aspiramos hoje de facto tem que ser a um outro Mundo, menos consumista (muito menos), onde possamos ter acesso a serviços colectivos básicos de qualidade, em detrimento de uma Sociedade que aspire a ter tudo em grandes quantidades, normalmente gerando enormes assimetrias na distribuição da riqueza e para mais gerando uma vida de pouca qualidade sob vários pontos de vista.
Sobriedade, frugalidade, qualidade, proximidade, fraternidade, tempo, são alguns dos aspectos pelos quais devemos, colectiva e individualmente lutar, nesta altura de enorme encruzilhada civilizacional em que nos encontramos.

domingo, 30 de junho de 2013

Cascais: Positivo e Negativo

POSITIVO:

Tenho tido algumas boas surpresas quando me desloco a Cascais nos últimos tempos: para além do Parque das Penhas do Marmeleiro e do renovado Parque Palmela, fiquei rendido ao centro de interpretação da Cresmina, no Guincho, e respectivo percurso interpretativo ao longo das dunas.


Se o local por si já era de cortar a respiração, com este percurso vemos a extraordinária recuperação que tem sido feita em toda aquela área dunar, pelo facto de não haver pisoteio. O edifício do centro de interpretação é bonito e simples e perspectiva boas visitas e a informação necessária.

NEGATIVO:

1) Os carros num dia de praia estacionam por todo o lado sem qualquer respeito pelo peão.
Todas as nesgas de terreno transformam-se de imediato num cómodo lugar de estacionamento para quem não quer saber quanto custou ao contribuinte os investimentos em espaço público. No percurso interpretativo da Cresmina, tanto a entrada superior, como a inferior, estavam cuidadosamente bloqueadas. A foto é esclarecedora. Se as entidades competentes quiserem, poderei enviar o original. Não as vi por lá a bloquear e a multar. É um problema generalizado no País.

2) O Sistema de Bicicletas de Uso Partilhado de Cascais está obsoleta. Não passa pela cabeça hoje que para recolher uma bicicleta seja preciso preencher papeis num posto e que depois não haja nenhum impedimento a que a bicicleta não seja devolvida de forma a ser re-utilizada por novos utilizadores. Um sistema de bicicletas de uso partilhado não é um aluguer de bicicletas gratuíto. A quantidade de bicicletas que irão passar o dia ao sol da praia enquanto inúmeros potenciais utilizadores, à mesma hora, ficaram sem transporte e optaram pelo carro é a prova que é preciso renovar este sistema que já teve o seu tempo. Para mais, para reservar uma bicicleta por tempo indeterminado existem os alugueres de bicicleta, privados, negócio que desta forma é altamente afectado por uma iniciativa pública, sem justificação.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

8 verdades inconvenientes

Porque este é o meu blogue pessoal, onde escrevo sozinho e por mim só, sinto-me na necessidade de escrever este post, embora a propósito de algo onde estou envolvido profissionalmente, para além de emocionalmente.
O processo das hortas urbanas é demasiado virtuoso para ser alvo de tamanha campanha difamatória a propósito das Hortas da Cerca da Graça. Sou por isso contactado por amigos que me perguntam como é que não se falou com os hortelãos, como é que foi possivel destruir uma horta para construir outra.
Deixo aqui 8 pontos que esclarecem alguns dos receios daqueles que, lendo tanta informação nas redes sociais, começam a ter dúvidas sobre o que pensar: 

1 - A área alvo de limpeza durante o dia de ontem vão ser hortas urbanas públicas e todos os hortelãos que costumavam utilizar aquele terreno foram convidados a nelas participar;
2 - A empreeitada em curso insere-se na criação da maior zona verde do centro histórico de Lisboa, projecto que foi aprovado em reunião de Câmara e como tal esteve em consulta pública, e que garante em definitivo a perpetuação das hortas urbanas naquele espaço, integradas num miradouro de uso  público e que integra uma rede de água e abrigos comunitários para arrumos, tudo reivindicações de todos;
3 - O processo envolveu pelo menos 2 reuniões com todos os ocupantes, e o grupo que se queixa de não ter sido ouvido, veio a 2 reuniões, onde estavam todos os hortelãos que são, por isso mesmo, disso testemunhas; 
4 - A argumentação que gerou discórdia é simples: o grupo não aceita qualquer alteração daquele espaço que entendem ser deles. Daí em diante resolver faltar às reuniões convocadas pelo próprio Vereador Sá Fernandes. 
5 - A discussão do projecto envolve grandes talhões de hortas, com cerca de 90m2, em espaços terraceados de forma a contrariar o declive do terreno. É esta compartimentação do terreno que não cabe no conceito do grupo comunitário que entende ser direito seu a ocupação de terrenos municipais, vedá-los, enche-los de lixo e rejeitar toda a qualquer proposta de discussão. Sim, o espaço nos últimos tempos era uma lixeira e já não tinha culturas. Consulte-se as fotos e o abaixo-assinado de quase 500 pessoas circulava entre os moradores das redondezas. Dá-me ideia de que se prefere ouvir este grupo do que ouvir os moradores ou os outros hortelãos.
6 - À excepção deles, os outros hortelãos no local aderiram ao projecto, havendo uma pessoa que não quer continuar, por decisão própria;
7 - Com o diálogo extremado, notificaram-se todos os ocupantes para sairem do terreno. Essa notificação foi feita a este grupo que, a partir desse momento, preferiu agarrar-se a todas as questões legais como sejam considerar que a carta assinada não era "uma notificação como deve ser" ou que as reuniões que tiveram foi com pessoas que "não conheciam o processo". Este grupo, não sendo legalmente constituído e não tendo morada registada, foi também notificado por e-mail. 
8 - Ontem a empreeitada implicou a primeira tarefa: limpeza do terreno. Apesar disso o Vereador Sá Fernandes insiste em poder falar com o grupo e tentar uma solução de compromisso no novo espaço. 

Toda esta questão levanta algumas perplexidades:

a) Pode um grupo defender a vida comunitária e a liberdade e ao mesmo tempo recusar todas as regras da vida em comunidade, quando estas não lhes convêm?
b) Faz sentido que se defenda a ausência de regulamentação para os espaços, mas em seguida alegar que as notificações e outros passos processuais associados à limpeza do terreno não cumpram supostamente as regras legais?
c) Pode uma autarquia promover a qualificação de um espaço muito degradado, ainda para mais somando à legitimidade democrática, a vontade dos moradores e a concordância da Junta de Freguesia?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Hi-Tech Português na área das pastagens biodiversas de sequeiro

Vale a pena conhecer esta tecnologia campeã na fixação de CO2 no solo, aliada a uma espantosa Biodiversidade. O projecto está em votação AQUI

terça-feira, 11 de junho de 2013

Mais Hortas Urbanas em concurso

Tem sido uma aposta destes últimos anos. Depois dos Parques Hortícolas da Quinta da Granja, Jardins de Campolide, Telheiras Nascente, e dos concursos já concluídos para os quase prontos Parques Hortícolas da Quinta da Paz e do Parque Bensaúde, avançam os concursos para mais dois, sendo estes verdadeiros "pesos-pesados" dentro da Rede proposta: O Parque do Vale de Chelas e o Parque dos Olivais.

O site da CML sintetiza os concursos da seguinte forma:

"Assim, de 11 a 28 de Junho decorrerá o prazo para apresentação de candidaturas ao concurso para o Parque Hortícola dos Olivais e para o Parque Hortícola do Vale de Chelas:

Parque Hortícola dos Olivais:

Candidatura para atribuição de 31 talhões de cultivo, entre os 80 e os 140 m2, para a prática de agricultura urbana, através do modo de produção biológico.

Parque Hortícola do Vale de Chelas:
Candidatura para atribuição de 80 a 100 talhões de cultivo, com 150 m2."

Também publicado AQUI

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Encaixotar a Paisagem

O que chamaria de ensaio vivo sobre a ineficiência energética dos edifícios, sob a capa do formalismo pós-moderno.
De facto, tenho-me cruzado com muitos estudantes de arquitectura na minha viagem diária de comboio. Julgo que são de arquitectura porque levam maquetes de edifícios que estão a trabalhar nas suas disciplinas, e é quase certo que são volumes do tipo "caixotes", quer de cartão, quer de madeira de balsa, quer de outros materiais.
Não nos espantemos pois se numa baía com tanto potencial como a de Cascais, se deite abaixo o obsoleto "Estoril-Sol" para erguer de imediato o já obsoleto edifício de metal e vidro que lá vemos, cujo resultado em matéria de ineficiência energética deve, certamente, bater todos os recordes. Haja dinheiro.

domingo, 26 de maio de 2013

Uma das Leis mais perigosas da nossa História

Ontem Lisboa juntou-se ao resto do mundo na sua luta contra a obrigatoriedade de patentear as sementes.
É um dos maiores ataques à nossa civilização este que estamos a assistir no que respeita à criminalização das variedades tradicionais, em detrimento de "sementes-marca".
Este artigo é rigorosamente verdade e destaco este parágrafo para que se perceba o enorme problema que temos em mãos: "Uma das consequências mais comprovadas da marcha da Monsanto é a irreversível contaminação genética dos ecossistemas pelos OGM, sendo que a presença desse código genético implica o pagamento das patentes desses genes cobrado pelas companhias."
Achei que ontem fomos muito poucos. Muito poucos perante a extrema gravidade do que está em causa. E é algo irreversível. As pessoas estão claramente a passar ao lado disto. E é muito grave, mas o Governo Português é claramente cúmplice, por que nada faz, nada diz, quando tudo tinha para se opôr a esta barbárie.
 
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