sexta-feira, 30 de abril de 2010

"Ah, são do sul da Europa? Então deve haver alguma coisa errada, não são de confiar"

Paul De Grauwe, professor da Universidade de Lovaina e um dos maiores especialistas da união monetária europeia in http://economia.publico.pt/Noticia/quando-se-e-do-sul-ese-menos-credivel_1434360
 
"O corte do rating da dívida portuguesa é justificado?
Não, mas é o comportamento típico das agências de notação, que reagem aos mercados. Como as taxas de juro aumentaram nos últimos dias, as agências cortam os ratings, o que só desestabiliza os mercados. Fazem sempre isto, é uma vergonha. O poder desta gente deveria ser restringido.

Pensa então que não se pode comparar a situação portuguesa com a grega?
Claro que não. Portugal está em muito melhor situação que a Grécia. O défice orçamental é elevado, mas no Reino Unido ou Irlanda ainda é maior. A dívida também é muito mais baixa do que na Grécia, é comparável à da Bélgica. Só que as agências não reparam na Bélgica, só reparam em Portugal.

E porquê?
Porque há um preconceito no mercado, do tipo: "Ah, são do sul da Europa? Então deve haver alguma coisa errada, não são de confiar."

Isso é racismo?
Não sei como lhe chamar, mas é um comportamento típico. Quando se é do Sul, é-se menos credível. As agências são muito anglo-saxónicas."
 
(...)
 



 

terça-feira, 27 de abril de 2010

"Vá pelos seus meios"




As Transportadoras fazem pedido inédito: vá para o trabalho pelos seus meios!


Pois eu fui...a pedalar!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"Ditadura do Automóvel" - ao vivo e a cores

Créditos da foto: http://acargadabrigadaligeira.blogspot.com/2009/11/lisboa-tem-muito-transito.html

Um Bom Post do Miguel Carvalho no "Blog Menos um Carro", lembrando e bem que estes dias de greve de transportes são um "case-study" para que possamos perceber como seria a vida sem transportes públicos. Um caos!

Sugeri até como comentário que se pudesse vir a criar um "Dia só com carros" em que, pessoas como eu, que andam de transportes públicos diariamente, teriamos que fazer um grande esforço (inverso ao da maioria dos automobilistas quando, coitados, têm que ir de transportes públicos por uma vez...), e levar o "carrito" a passo de caracol pelas ruas engarrafadas...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dia da camisa e do colarinho branco

Hoje escolhi a camisa mais branca e com o colarinho mais engomadinho para vir trabalhar. A sério!
Estou a comemorar!...
 


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Névoa muito densa após fumaça do vulcão

Créditos da Fotografia: http://www.rubemalves.com.br/images/133.jpg

"não se preenche a factualidade típica do crime de corrupção activa de titular de cargo político", diz o Tribunal da Relação.


Conclusão:
A justiça fez o que se esperava dela. Os ladrões de galinhas sim, continuam a ir presos.




Os comboios e os transportes públicos também não são de borla, pois não?

"Governo aprova portagens nas SCUT a partir de 1 de Julho"


Medida que me parece na generalidade correcta. Pode haver excepções.
Mas assim liberta-se verbas para investir noutras áreas.

Porque não em melhores comboios para muitas destas áreas abrangidas pelas SCUT?
Ou mesmo, em...comboios?

http://economia.publico.pt/Noticia/governo-aprova-portagens-nas-scut-a-partir-de-1-de-julho_1433501

quarta-feira, 21 de abril de 2010

E esta ein, Marcelo Rebelo de Sousa?

 
 
David Byrne: É na rua que está a inspiração!
 
- "Não sou militante da bicicleta. Não é nada disso. Essencialmente gosto de andar de bicicleta porque é prático e agradável"
 
- "Para coisas mais práticas e quotidianas é preferível a bicicleta a andar a pé"
 
Mas Lisboa, topograficamente, é uma cidade difícil.
- "Não sinto isso, pelo menos no centro, onde parece ser uma cidade amigável para quem quer ir para o emprego a pé ou de bicicleta. Talvez a bicicleta não faça parte, ainda, da rotina das pessoas, mas tenho dúvidas que o problema seja o relevo acidentado. É antes uma questão civilizacional. De aposta na qualidade de vida de cada um. "
 
 
David Byrne, uma grande entrevista, a trazer grandes ideias sobre cidades mais sustentáveis, mais vividas, mais humanas, mais ecológicas, mais amigáveis. A não perder em http://ipsilon.publico.pt/musica/texto.aspx?id=254638

terça-feira, 20 de abril de 2010

Chuveiro Portátil e a Energia Solar

 
Reparei que um banho "portátil" está dimensionado para apenas 20 Litros de água.
Gostava de saber quantos gasto eu todos os dias. Mais concerteza!
 
E que pena as águas das banheiras não serem todas aproveitadas de imediato para os autocolismos que estão mesmo ao lado (e funcionam com água potável!...)
 
Este chuveiro portátil tem um painel solar incorporado para aquecer a água!

domingo, 18 de abril de 2010

Domingo: um Quiz religioso

Créditos da foto: http://umadguar.blogspot.com/2009/05/fora-da-igreja-ha-salvacao.html

Leia a seguinte frase por favor:

"Quando alguma sportinguista tiver a infelicidade de casar com um benfiquista, tem o dever de fazer com que o filho continue a ser sportinguista. Este trabalho de sapa nas famílias é fundamental e as mulheres têm um papel decisivo na orientação da vida das crianças"


Agora, responda à seguinte questão:

A FRASE FOI PROFERIDA POR:

1. Padre Vitor Melícias
2. D. Januário Torgal Ferreira
3. José Eduardo Bettencourt

Resposta em:

http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1432676


sexta-feira, 16 de abril de 2010

18º

Sobre os Transportes Públicos de Lisboa, 18º "melhor" em 23 cidades analisadas, e sobre a bicicleta que é item do estudo:
 
O Positivo:
"Transporte de bicicletas sem custo acrescido aos fins-de-semana nos veículos especialmente equipados para o efeito."
O Negativo:
"Bicicletas sem espaço para estacionamento em algumas das paragens testadas."
 
 
 
Hoje, qualquer estudo internacional sobre transportes, e sobre transportes públicos, avalia de imediato se a bicicleta tem estacionamentos disponíveis ou se é possivel transportá-la.
A dimensão da bicicleta é cada vez mais uma obrigação e ainda bem que em Lisboa, de uma vez por todas, se começou a olhar para a bicicleta sem ser como "um paliativo" à mobilidade, colocada num qualquer tejadinho de carro, longe da vista.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Depois dos escandalos de Pedofilia...

Créditos da Foto: 66.249.128.91/showthread.php?t=603059&page=40


Igreja: Depois dos escandalos de Pedofilia, o escândalo dos critérios de expropriação pelas Estradas de Portugal?
Expropriações na Buraca com valores superiores por m2 ao dos Campos Elíseos em Paris...

Notícia em: http://www.ionline.pt/conteudo/55038-igreja-recebe-mais-um-milhao-terreno-do-tamanho-piscina-olimpica

terça-feira, 13 de abril de 2010

A grande barreira

Créditos da Foto: http://www.construir.pt/2009/06/16/refer-investe-45-me-em-sistema-de-controlo-e-sinalizao-da-linha-de-cascais/

Porque não é fissicamente possivel passar-se de um lado para o outro da linha férrea entre o Cais do Sodré e Algés 8,5km) em cadeira de rodas ou com carrinhos de bebé, numa zona nobre da cidade, repleta de equipamentos, serviços, interfaces de transporte, e tudo porque todas as passagens são em escadas, elaborei e levo à Assembleia Municipal de Lisboa esta Moção que abaixo se descreve:

Moção "Mobilidade para todos na Frente Ribeirinha Ocidental"

Considerando que:

A frente ribeirinha entre Algés e o Cais do Sodré com cerca de 8,5 km, configura actualmente uma barreira física praticamente intransponível para pessoas com mobilidade reduzida em virtude da presença da linha-férrea;

À excepção do próprio Cais do Sodré e através da Estação da CP de Algés (já no Município de Oeiras), a transposição entre a Cidade e o Rio para pessoas com mobilidade reduzida, designadamente em cadeira de rodas, só se pode efectuar através da passagem de nível sem guarda ainda existente em frente ao museu de Arte Antiga ou em frente à Docapesca, ambas situações que configuram níveis de perigosidade por demais conhecidos;

À semelhança da passagem de nível encerrada em Santos, também a passagem de nível em frente ao Museu de Arte Antiga configura o seu encerramento e substituição por uma solução aérea;

Excluindo o Cais do Sodré e Algés, uma pessoa com mobilidade reduzida não pode, pura e simplesmente, aceder ao rio, nem em Santos, nem em Alcântara, nem em frente à Antiga FIL, nem na Estação de Belém, nem em frente ao Centro Cultural de Belém nem em frente à Torre de Belém, consistindo no impedimento de acesso a todo um conjunto de equipamentos que se encontram nessa área, incluindo-se nestes o acesso a Estações de Comboio, à Estação Fluvial de Belém mas também a Áreas de Embarque de Cruzeiros e ainda várias zonas comerciais e de serviços;

As passagens aéreas e subterrâneas descritas no ponto anterior são da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, mas também de outras Entidades, no caso a REFER, e envolvem o acesso directo a áreas geridas pela APL;

Apesar de terem sido conhecidas algumas soluções prévias para discussão, no âmbito de Planos de Requalificação da frente ribeirinha, que previam discutir o enterramento de alguns troços de linha férrea, e dessa forma resolver parcialmente a questão central desta Moção, a situação em presença não pode esperar mais, sob pena de se manter esta situação de exclusão;

A intervenção no rampeamento de algumas das passagens aéreas ou subterrâneas envolve pouco investimento e reduzida dificuldade técnica

O Grupo Municipal do Partido Socialista vem propôr que a Assembleia Municipal de Lisboa reunida em Plenário no dia 13 de Abril de 2010 delibere:

Manifestar a sua preocupação e consequente intenção de que a actual situação de impossibilidade de acesso para pessoas com mobilidade reduzida, designadamente em cadeiras de rodas, que se verifica entre a Cidade e a sua Frente Ribeirinha no troço compreendido entre o Cais do Sodré e Algés, seja rapidamente alvo de uma intervenção de requalificação nas suas passagens aéreas e subterrâneas visando mobilidade e acesso para todos, sendo dinamizada pela Câmara Municipal de Lisboa mas envolvendo sempre que aplicável outras entidades com responsabilidade na área.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

Uma pessoa de valores

Créditos da Foto: http://macroscopio.blogspot.com/2009/04/paula-teixeira-cuz-ja-conhece-bem-peca.html

Depois de 72h em que RTP, SIC e TVI estiveram quase ininterruptamente no Congresso do PSD, onde se ouviu dos protagonistas mais ou menos isto: "Agora vamos ser maiores", ou "Agora vamos ser grandes" ou "Agora vamos ser enormes", eis que, finalmente, na primeira vez que o microfone é colocado à disposição de Paula Teixeira da Cruz, ouve-se que o PSD irá exigir uma comissão de inquérito ao caso dos submarinos e que esta direcção do PSD não está cá para pactuar com a promiscuidade entre a Política e os Interesses.
Não se a direcção do PSD tem essa preocupação, até a avaliar pelas reacções internas às suas declarações.
Mas que Paula Teixeira Cruz a tem e tudo fará para que isso assim aconteça, disso não tenho, nem tive dúvidas.
Às 72h de Congresso em directo valeram os 3 minutos da entrevista de Paula Teixeira da Cruz.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O Nuclear e o Instituto Sá Carneiro

Para quem pense que PS e PSD são a mesma coisa, eis que há com clareza uma diferença de fundo:
 
Pedro Passos Coelho traz com ele uma Central Nuclear. Ah claro, e com a Central Nuclear virão as ajudas do Estado de muitos milhões para a sua construção, para as obras na rede eléctrica e para as garantias de cotas de produção e o que for preciso:
 
"Já o engenheiro e também professor do IST José Luís Pinto de Sá defende, num texto publicado no site do Instituto Francisco Sá Carneiro, que é "evidente a necessidade de Portugal considerar seriamente a opção nuclear como estratégia energética e económica, dada a sua controlabilidade, não emissão de CO2 e baixo custo da energia gerada". "
 

 

terça-feira, 6 de abril de 2010

Nuclear: Eles aí estão de novo

 
Não tenhamos dúvidas: sempre que se fale de produção de energia, independência de petróleo ou redução de emissões de CO2, eles aí vêm! Os nuclearistas! Estão aí outra vez a exigir uma central nuclear, desta vez a propósito do disparatado plano nacional de barragens (PNB) e das suas consequências ambientais, como se vê aqui.
 
A questão da política energética tem que ser clara por parte do Governo, para não abrir brechas indefensáveis na razoabilidade da argumentação: o enfoque deve ser na redução da factura energética, e designadamente na intensidade energética, e não no aumento de produção de energia para colmatar o crescendo de gastos.
 
Assim, 5% de redução apenas anularia a construção das barragens. 5% que se conseguem exactamente com parte do dinheiro gasto nas barragens e criando emprego qualificado disperso pelo País, sem destruir Paisagem.
 
Os nuclearistas aproveitam estas falhas para cravarem o seu "pé-de-cabra" e, ao lado dos contestatários do PNB, tentarem angariar aliados.
 
O nuclear não é seguro, o nuclear gera resíduos, o nuclear gera produção e não quer saber de redução de consumos, aliás não lhes convém sequer.
O nuclear é caro e só funciona com subsídios Estatais - ainda espero do lobby nuclearista vir dizer que constroi as centrais nucleares sózinho, que fará as muito-dispendiosas alterações na rede eléctrica sózinho e que assumirá os riscos de exploração sózinho -.
Não o faz: Aparece logo de mão estendida.
Até uma cota de consumo garantido discute: Se não gastarmos X, o Estado garante! Excepcional!
 
O nuclear é perigoso!
Perigoso desde o conceito, perigoso devido às fugas e acidentes, perigoso nos resíduos, perigoso devido à própria insustentabilidade financeira.
 
O modelo energético em Portugal deve premiar 3 coisas fundamentais:
 
1) a redução drástica de consumos (ordenamento do território, sustentabilidade da construção e eficiência energética e a progressiva conversão do valor real da factura com o real custo de produção e introduzindo a tarifa social direccionada) 
2) a diversificação da produção através de energias limpas
3) o fomento da auto-produção e a disseminação dos pequenos produtores com injecção na rede.
 
Nem betão para barragens nem para centrais nucleares!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Eu vou!"...mas é ver o "Pare, Escute e Olhe" nos cinemas a 8 de Abril

 
"Pare, Escute e Olhe"
 
Perdi-o no Doc.Lisboa!
Perdi-o no Cine-Eco!
Não o perderei agora nas salas de cinema:
 

quinta-feira, 1 de abril de 2010

As contas do OM2010 em Lisboa

Quando se parte para uma discussão, há 3 finais possiveis: A favor, Abstenção e Contra.
Mas esta Assembleia Municipal de Lisboa mantem a lógica do mandato anterior e promove a cultura do "chumbo porque sim" e do voto contra.
A minha análise dos documentos obtem um saldo muito positivo. Haverá quem pense que não seja tão positivo. Outros que os colocarão no limite do aceitável. Outros que considerarão negativo.
Pois bem, o que se assistiu de vários partidos que votaram contra foi uma análise que assumia que os documentos tinham vários aspectos positivos e mesmo muito positivos. Será que o voto nestas circunstâncias é Contra? Para mim foi uma irresponsabilidade e perante a argumentação nada melhor do que conhecer o discurso de António Costa. Para já presto contas do meu discurso durante a discussão do Orçamento e as Grandes Opções do Plano na sessão da Assembleia Municipal de Lisboa - 30 de Março de 2010:
 
 
SENHORA PRESIDENTE

SENHOR PRESIDENTE, SENHORES VEREADORES

SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS

ESTIMADO PÚBLICO

 

Estamos hoje a debater o Orçamento Municipal 2010 da Câmara Municipal de Lisboa, bem como as grandes opções do Plano até 2013.

 

Proponho-me fazer uma curta reflexão sobre algumas questões que a leitura dos documentos acabou por proporcionar.

 

Lisboa hoje enfrenta o desafio da elaboração de um orçamento de forma diferente de há algum tempo. O cenário de uma bancarrota, apesar das dificuldades estruturais do Município e da complexidade conjuntural que se vive, não está já em cima da mesa.

O orçamento que temos para discussão e votação consolida as orientações recentes, da reestruturação financeira do município, o pagamento a fornecedores e a consolidação do pagamento de dívidas.

Estamos portanto, sem dúvida bem melhores do que estivemos há bem pouco tempo!

 

Podemos hoje sentir por este orçamento que, apesar das dificuldades, a Cidade olha para o futuro com mais confiança. Disso mesmo é possível retirar-se pela verificação do volume e dos objectivos de investimento que, de forma sustentada, é possível propormo-nos fazer. Investimento que visam qualificar a Cidade. Investimentos que se revestem de especial importância e urgência, dada a situação que algumas áreas e sectores da Cidade chegaram.

Há problemas muito sérios a resolver nos próximos tempos, como o da habitação, da mobilidade, da qualidade do espaço público, do desempenho energético-ambiental e do acesso a uma rede de equipamentos de primeira necessidade.

 

O paradigma da Cidade de Lisboa está já alterado e baseia-se hoje no investimento num conjunto de políticas que visam a qualificação do ambiente urbano, da habitação, dos seus equipamentos. Contudo é a conjuntura económica e demográfica que está ainda a actuar no sentido contrário: Lisboa continua a perder continuamente habitantes e esta perda acontece em primeiro lugar devido ao elevado custo da habitação quando comparada com os concelhos limítrofes. Mas surge também pelo resultado do emprego ter-se igualmente deslocado para fora da cidade. Saem os empregos, saem as pessoas a seguir.

Hoje temos uma Lisboa enfraquecida num contexto de uma Área Metropolitana que mais não é, na prática, do que um conjunto de autarquias que competem entre si, onde não há ordenamento do território integrado e nem sequer estratégico. Na nossa Área Metropolitana, o Município que está ao lado não terá contemplações em disputar a Lisboa um Hospital Central, uma Universidade, um Parque de Investigação e Desenvolvimento e até já o fizeram pelos Centros de Estágios dos nossos principais clubes de futebol.

O problema da mobilidade na nossa Área Metropolitana é dramático e anda associado à localização de equipamentos e da habitação. Lisboa paga diariamente esta situação através da entrada de muitos milhares de veículos na cidade.

Não é este um problema fácil e a solução pela qualificação da nossa Cidade é, a par da defesa de um ordenamento do território metropolitano que coloque Lisboa no centro da sua área metropolitana, a única hipótese de inverter a perda de habitantes.

 

Longe de cairmos num discurso do policentrismo metropolitano, que mais não é do que legitimar a livre expansão pelo território metropolitano de mais e mais impermeabilização, mais vias e mais habitação, assente no veículo automóvel, em que todos os pólos valeriam o mesmo, sem hierarquia.

Há que focar o novo ordenamento de toda a área metropolitana na cidade de Lisboa como pólo principal e natural de atracção da habitação e do emprego.

Se o fizermos, não estamos a negar que a cidade ultrapassou as fronteiras do Concelho e que assim irá continuar, gerando um policentrismo positivo, assente na certeza que Lisboa é o foco de maior importância e estaremos a re-equilibrar todo este sistema, sob pena de continuarmos neste declínio populacional e daí num perigoso caminho de insustentabilidade, que pode inclusive afectar-nos depois financeiramente.

 

Em simultâneo, é a qualificação da cidade, como referi acima, o trabalho que nos cabe e que permitirá inverter esta situação.

Porque é hoje pois praticamente consensual considerar-se a perda de habitantes como o grande problema de Lisboa, dado que assim se gera o desperdício de toda uma área já consolidada, infra-estruturada e equipada. Urge pois optimizar todo este capital, renovando o tecido urbano, qualificando a cidade com mais e melhores equipamentos, tornando-a atractiva, competitiva e segura.

 

Para isso acontecer são pois as opções do Plano e as escolhas dos investimentos a forma de assumir os compromissos e efectivar as políticas.

 

É com agrado que hoje se vê uma parte considerável do orçamento da mobilidade afecto à criação de zonas 30 em bairros da nossa cidade, um investimento integrado em melhoria da segurança rodoviária, na mobilidade pedonal e em espaço público.

Não foi assim há tanto tempo em que vimos afectar a quase totalidade dos investimentos na área da mobilidade em dispendiosos túneis ou radares de controlo de velocidade.

Estas intervenções são o primeiro passo para a renovação da rua como espaço preferencial do comércio e serviços e como factor de atracção dos bairros.

 

Outra das áreas que contribui para essa qualificação global é, sem dúvida, o ambiente urbano. Para isto urge investir na requalificação do espaço público, por um lado, e por outro investir na construção de uma rede ecológica. Uma rede que configure as condições materiais para a atractividade da cidade mas que cumpra as funções ecológicas, nomeadamente o equilíbrio do sistema hídrico do sistema bem como contribuir para o desempenho energético-ambiental do edificado. O investimento na qualificação de toda uma rede de jardins e miradouros é, pela leitura do orçamento, um facto absolutamente positivo e estruturante na atractividade das áreas consolidadas. Torel, Monte Agudo, Boto Machado, Santa Luzia, Penha de França. Mas também a aposta na requalificação de espaços centrais como o Parque Eduardo VII, a Estufa fria, o Jardim da Estrela, o Jardim Constantino, o Príncipe Real, a Alameda da Universidade e tantos outros.

Na construção de novos corredores, destaca-se a aposta na ligação entre Monsanto e o Parque Eduardo VII, mas também a estruturante ligação que partindo de Monsanto ligará às freguesias da Ameixoeira e da Charneca, através de Benfica, Carnide, Lumiar, também designado e já cabimentado como Parque Periférico, do qual se executou apenas e até agora a 1ª fase do Parque da Quinta da Granja de Baixo, em Benfica.

 

Esta rede de corredores, que permitiu já no mandato passado iniciar-se a sobreposição com uma primeira rede de percursos cicláveis dedicados, vê a sua expansão para nascente através da ponte ciclo-pedonal da Bela-Vista, permitindo ligar desde logo a Alameda Afonso Henriques ao Parque da Bela Vista, fazendo continuidade para poente para ligar ao Jardim do Arco do Cego, à Gulbenkian e depois a Monsanto, e a Poente aos Olivais.

Simultaneamente, a aposta numa rede de corredores verdes nas freguesias orientais da Cidade, designadamente os vales de Chelas e o corredor verde oriental que ligará o Parque do Vale de Chelas ao Vale Fundão e daí ao rio. Mais a ocidente, em Alcântara, o reforço do corredor constituído pelo Vale da Alcântara, articulando-o com a requalificação da Praça de Espanha e consolidando-o ao Parque Florestal de Monsanto.

Hoje é já possível ir-se de bicicleta desde Benfica ao Parque das Nações sempre em pista dedicada ou de Monsanto ao Parque Eduardo VII.

Mas este Plano de investimentos que agora se preconiza permite continuar a implementação da Rede naquilo que é estruturante para a qualificação da Cidade e para a sua atractividade.

 

Neste rol de investimentos previstos, há que acautelar a médio-prazo que a Cidade está capacitada para lidar com o acréscimo de encargos que cada nova zona verde representa. Pela análise dos investimentos continuados, é fácil percebermos pela análise do investimento nas áreas da mobilidade ou na iluminação pública, para dar apenas 2 exemplos, como o grande problema não são as novas infra-estruturas, mas sim a crescente despesa e continuada despesa com a manutenção e conservação.

Veja-se pois, por exemplo, qual o orçamento previsto em conservação de obras de arte e vias, designadamente a longa lista de viadutos que irão beneficiar de manutenção e conservação, quando comparado à parcela dedicada a novas vias! Pois, nos espaços verdes, e apesar de evidente a carência em novos espaços verdes, havendo necessidade de investir orçamento municipal na dotação de novos espaços verdes, espaços esses que sendo estruturais constituem hoje uma lacuna latente em muitas áreas da cidade, torna-se inevitável sim incluir nos programas de execução as tipologias de espaços verdes que permitam enfrentar o expectável aumento de manutenção a curto-médio prazo sem perigo de ruptura financeira. Sim, porque em caso de restrições orçamentais, ou falta de cabimentação para responder a todas as solicitações no futuro, e perante comparação entre várias prioridades, não tenho dúvidas que estaremos de acordo em optarmos por garantir o funcionamento de creches, escolas, limpeza urbana e outros serviços essenciais, a investir em manutenções dispendiosas de espaços verdes. No limite, poderemos ter o investimento de espaços verdes afecto na totalidade a manutenção não sobrando verba para novo investimento. É uma questão premente.

Já hoje os espaços verdes vêm atribuídos quase 10% de todo o investimento plurianual, pelo que, para se evitar que possamos vêr estes valores aumentados e em detrimento de outras prioridades, Lisboa deverá planear e executar espaços verdes capazes de ter baixas manutenções, espaços verdes ecológicos, integrados e participados, permitindo aventurar-se assim num crescimento da sua estrutura verde sem receios de os vêr abandonados por falta de manutenção.

Para isto contribui, a par do planeamento das tipologias mais adequadas, onde se inclui, claro, a incorporação de tipologias com baixo custo de implementação e manutenção, como sejam a agricultura urbana, as matas ou os prados de sequeiro, ao que acresce a dotação de meios humanos municipais capazes de se ajustarem às necessidades e exigências correntes emergentes da manutenção, identificando também quais as que, pela sua própria dimensão, tipologia, carga e especifica se adequam a uma manutenção por contratação externa.

 

É de realçar um conjunto de investimentos na área da eficiência energética. É hoje indiscutível que a eficiência assenta é uma aposta fundamental dentro de uma lógica de sustentabilidade. As opções do Plano e o Orçamento reflectem um progresso notável, numa cidade que estudou e apresentou metas de redução dos consumos energéticos para o período 2009-2013, coincidindo com o mandato e permitindo associar a eficácia das políticas adoptadas à monitorização dos seus resultados em matéria energética.

Para além de ter assinado o Pacto dos Autarcas, Lisboa calculou as suas reduções nos consumos energéticos na ordem dos 9% até 2013, pelo que valerá forçosamente a pena em 2011 monitorizar-se os resultados para eventuais reforços nas políticas que lhe permitam cumprir as metas e os prazos a que se propôs, com consequente influência nas rubricas orçamentais dos anos subsequentes.

Em matéria de energia e desempenho energético, as metas não são mais medidas com adjectivos, mas sim com objectivos claros e monitorizações precisas, e as políticas a adoptar são apenas e só um meio para se atingir os fins.

É pois de ressalvar que são já visíveis neste orçamento e no plano plurianual de investimentos alguns dos esforços de Lisboa para cumprir as suas metas de desempenho energético, quer nos investimentos na eficiência energética e na produção de energias renováveis em escolas e em bairros municipais, bem como em alguns edifícios municipais.

 

De ressalvar o projecto Eco-Bairros, onde se alia a questão da energia com a protecção da água, duas faces da mesma moeda. Aliás, nesse sentido, são benvindos os investimentos que permitam re-aproveitar as águas tratadas das ETARs na lavagem de ruas e rega de espaços verdes, tal como já acontece numa 1ª fase a partir da ETAR de Chelas e a curto-prazo na ETAR de Alcântara.

Finalmente nesta matéria a efectivação em orçamento do Fundo de Eficiência Energética, um investimento direccionado para melhorias directas em eficiência energética, cujos resultados revertem para o orçamento do ano seguinte neste mesmo âmbito.

 

Finalmente, é com muita alegria que vejo espelhados no orçamento quase 5 milhões de euros de investimento, decididos directamente pelos cidadãos, através do Orçamento Participativo. Um passo qualitativo que aproxima os cidadãos da cidade e da forma como se gasta o seu dinheiro, o dinheiro de todos nós.
 
Este é pois um Orçamento que vale a pena aprovar.


 
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