sexta-feira, 14 de outubro de 2011

"Óleo de Argão - o ouro líquido de Marrocos"

Ao contrário das riquezas de África na maior parte dos Países, com os seus processos e cadeias de interesses, desumanas e chocantes, este é um negócio exemplar que faz viver aldeias inteiras, que promove a mulher na sociedade e que retira proveito do que a Natureza dá.

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O ouro líquido de Marrocos

13.10.2011 Por Nídia Faria

Produzido há milhares de anos por mulheres berberes, o óleo de argão está na moda, quer para uso culinário quer estético. O aroma e o sabor fazem dele um tempero exótico muito apreciados por chefs e a fama dos seus resultados na pele e cabelos já conquistou a indústria da cosmética.

Começou a ser utilizado como óleo de cozinha e está entre os principais ingredientes da gastronomia marroquina, que já conquistou chefs por todo o mundo. Mas o óleo de argão tornou-se num super-herói para a indústria da cosmética porque, para além das suas propriedades hidratantes e nutritivas, é também um ingrediente potente no combate ao envelhecimento.

O óleo de argão é extraído do fruto da argânia, uma árvore disponível apenas no território da reserva de biosfera, no sul de Marrocos, numa área florestal de 25.900 quilómetros quadrados, considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO. Esta árvore é sagrada em vários aldeamentos berberes, como acontece em Bouzamma, na cidade de Essaouira, no sul de Marrocos. Aí, as mulheres trabalham numa cooperativa dedicada exclusivamente à colheita e à produção do óleo, que depois é vendido a laboratórios de cosmética marroquinos, e daí para fora do país.

É o caso dos laboratórios Azbane que compram o produto às cooperativas femininas berberes e o exportam para 39 países, sendo que os seus principais clientes são spas, hotéis, institutos de beleza e a indústria da cosmética. Saïd Azbane, director técnico destes laboratórios, refere que o óleo de argão está na moda e que os seus milagres têm interessado cada vez mais a classe média, enquanto consumidor, e várias empresas, que buscam um negócio lucrativo. "Toda a gente quer usar, comprar, vender. Mas para se tirar qualquer partido deste óleo, tão caro e raro, primeiro é essencial que seja autêntico, puro."

O director técnico coloca três regras de ouro para o bom aproveitamento do produto: "em primeiro lugar, há que ter a certeza da sua autenticidade. Segunda regra, ter a certeza de que se paga bem o serviço das mulheres que perdem oito e nove horas para conseguir um litro de óleo, de forma a ajudar essas famílias e, no fundo, a comunidade. Terceira regra, colocar a quantidade suficiente de óleo de argão nas fórmulas dos produtos."

A colheita do argão faz-se de Julho a Setembro e o fruto seca ao sol durante um mês. A seguir, é descascado usando utensílios rudimentares, batendo-se ao de leve na casca com uma pedra. O miolo é cozinhado a lume brando numa panela de barro e depois moído. Passa da água fervida para a fria para arrefecer e depois o miolo é peneirado e decantado. Finalmente, este é filtrado através de papéis ou tecidos, sendo o óleo engarrafado e rotulado.

Segundo o gestor da Coopérative Feminine Bouzamm (CFB), Ayoub Biballa, a primeira cooperativa em Marrocos surgiu em 1997, e aquela que gere tem seis anos. Muitas delas são suportadas por laboratórios de produtos cosméticos nacionais, e aqui os laboratórios Azbane são um dos bons exemplos, uma vez que apoiam 170 destas cooperativas. A produção de óleo de argão acaba por ser, neste caso, o principal ganha-pão de 400 mil famílias, sendo a colheita do argão e a produção do óleo feito por quatro mil mulheres.


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