segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Vamos fingir que...ou retrato da nossa Bolha Imobiliária (por Pedro Bingre do Amaral)

Por Pedro Bingre do Amaral, retirado do "facebook" 
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Bruxelas estima que os apartamentos em Espanha devem embaratecer em 75 % antes de serem adquiridos pelo "banco mau" — a entidade semi-pública encarregada de assumir os prejuízos da bolha imobiliária. Esta conclusão faz recordar um estudo do Banco Internacional de Compensações (Bank for International Settlements), publicado em 2010, que anunciava uma desvalorização em 85 % dos preços do imobiliário português…

Mas enfim, continuemos a fingir que o problema português resulta das despesas na Saúde e Educação públicas sob o encargo do Estado. 


Continuemos a fingir que o problema de Portugal são os salários supostamente elevados dos portugueses, e a rigidez dos direitos laborais de uma população cuja maioria dos trabalhadores com menos de 40 sofre a precariedade do regime de recibos verdes.

Continuemos a fingir que a dívida privada portuguesa respeitante ao imobiliário e construção soma mais de 190 mil milhões de euros, e se encontra em condições de "

negative equity". Continuemos a fingir que a maioria das hipotecas contraídas em Portugal nos últimos 20 anos não são perfeitos exemplos de "subprime". Continuemos a fingir que neste país onde 1,8 dos 5,6 milhões de habitações estão vazias, há uma família a ser despejada a cada 40 minutos.

Continuemos a fingir que não construímos, entre 1985 e 2010, uma casa nova a cada seis minutos, 24 horas por dia, 365 dias por anos. Que entre 1990 e 2009 a dívida hipotecária não cresceu 2300 %. E que dois terços dessa dívida não se destinaram a cobrir custos de construção, mas pura e simplesmente a pagar o preço especulativo do solo.

Continuemos a fingir que o resgate da tróica não é, afinal de contas, a factura de uma bolha imobiliária cujos principais beneficiários estiveram e continuam estando isentos de impostos graças aos privilégios fiscais dos Fundos de Investimento Imobiliário e das sociedades sediadas em Zonas Francas.

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