Há livros assim: Gosta-se logo e devora-se com avidez!
"A Rua da Estrada" de Álvaro Domingues é uma obra que veio preencher os meus anseios antigos sobre um assunto que precisava de ser tratado. Kevin Linch já o abordou, numa abordagem macro que marcou o pensamento Pós-Modernista, dissecando o mundo suburbano, a sua falta de referência e coerência urbana. A
ntónio Barreto por diversas vezes já abordou, de uma perspectiva sociológica, este fenómeno da ilegibilidade urbana, dos "Túneis do Grilo" que por aí existem e que toda a gente sabe onde ficam, menos ele.
Álvaro Domingues consegue-o de uma maneira única, já que se foca exclusivamente a dissecar o fenómeno de "urbanização" e transformação em redor da Estrada, trazendo para o palco todas as simbologias, algumas de outros tempos, alinhadas ao longo da Estrada (ex-rua), com todas as manifestações simbólicas do "progresso" e do paradigma "modernista / motorizado", numa misturada hilariante.
Sim, Álvaro Domingues usa a ironia para melhor transmitir a mensagem. Ao estilo "Gato Fedorento", somos confrontados com uma realidade triste, sobre a qual, sem rodeios, o riso é por vezes o melhor remédio. Talvez mesmo o único. E eficaz!
O assunto é sério, e embora às gargalhadas, ninguém se poderá queixar de não ter percebido a mensagem.
A Rua da Estrada é um livro a não perder!
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