quinta-feira, 14 de abril de 2011

"Guerra ao automóvel!"

Naturalmente, assino por baixo e regozijo-me por haver cada vez mais gente que se centra no essencial: racionalizar, poupar, fazer as escolhas certas.

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Guerra ao automóvel!

por JORGE FIEL07 Abril 2011

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Consta por aí que o clima de ciúme e rivalidade entre dois conhecidos directores de um não menos conhecido grupo português (que, nem que me torturem, direi que é de comunicação social) tem a sua singela origem no facto de um não se conformar com o facto de o outro ter um carro melhor. Sobre este episódio, faço meu o dizer dos italianos: si non è vero è ben trovato, pois a vaidade do português médio expressa-se em todo o seu esplendor no aparato do carro que conduz.

Impermeáveis à crise, em 2010, as vendas de automóveis de luxo dispararam no nosso país, com marcas como a Jaguar e a Porsche a registarem crescimentos recordes na ordem de 50%!

O facto de as contas da Carris estarem em pior estado do que o chapéu de um trolha não inibiu a administração de renovar a sua frota com BMW, Mercedes e Audi, de 45 mil euros cada.

Eu até compreendo o raciocínio. Não há comparação possível entre os largos milhares de pessoas que podem ver a marca do nosso carro e as escassas dezenas de amigos que convidamos para nossa casa e podem ler a assinatura dos quadros que decoram uma sala imensa apetrechada com um sistema state of heart de home entertainement.

O automóvel é tão sagrado para nós como a vaca para os indianos. De acordo com o Observatório Cetelem (grupo BNP/Paribas), 71% dos portugueses não imaginam como seria a vida sem automóvel - pior que nós, na Europa, só mesmo os belgas (87%).

Somos o país com maior percentagem de jovens que compram carros novos (20% contra a média europeia de 11%). Os nossos sub- -30 não só são aqueles que estão disponíveis para gastarem mais com o carro, como, ainda por cima, na sua esmagadora maioria (75% contra 57% no resto da Europa) declaram que só recorrem aos transportes públicos se não tiverem outra hipótese. E para o ano vamos ultrapassar os japoneses em número de carros por mil habitantes (583 contra 525).

Já toda a gente percebeu que não podemos manter a actual dependência do petróleo, mas a maioria dos nossos compatriotas não abdica voluntariamente do luxo do uso diário do carro, mesmo que isso implique queimar um ano das suas vidas a estacionar - e outro parado em engarrafamentos.

A solução é declarar guerra ao uso privado do automóvel. O próximo governo brilhará a grande altura se aumentar de forma drástica os impostos sobre os combustíveis, a venda e a circulação automóvel, imitar os espanhóis e baixar o limite de velocidade nas auto-estradas (que na prática é de 150 km/hora, pois ninguém é multado se não ultrapassar essa velocidade) e adoptar uma política severa de tolerância zero com os infractores - e investir o encaixe assim conseguido na reestruturação e melhoria da oferta do sector de transportes públicos.




1 comentário:

  1. Boa tarde;
    Concordo que os automóveis são de facto uma das maiores fontes de poluição. E não estou contra a adopção dos automóveis eléctricos pois estes quase não poluem (emitem cerca de 54g/km de CO2 porque a electricidade que consomem teve de ser produzida em algum lado e embora o aumento de energias renováveis, ainda é necessária a queima de combustíveis para a produzir.)portanto não é exactamente correcto dizer "zero emissões".
    Mas o que quero aqui referir é que tal como existe com o Futebol ou fotografia etc, existem pessoas apaixonadas por automóveis "a sério" ou seja, com motores de combustão que transmitem algo que os eléctricos nunca poderão transmitir. Portanto sei que não está muito enquadrado no post mas tinha que referir que os automóveis de combustão são uma paixão para os "puristas" dos automóveis e que lutarão para haver sempre este tipo de automóveis. Mas sim, dizemos sim aos transportes públicos, sim aos automóveis eléctricos, sim a ir para o emprego de bicicleta, mas não nos podem tirar esta paixão.

    Só queria que percebesse outro lado do "problema".

    Bom blogue, continue com o bom trabalho.

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