quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Transportes Públicos: Lisboa / Berlim

     Região de Berlim
 
      Área Metropolitana de Lisboa

Procurei uma comparação simples entre a Área Metropolitana de Lisboa e de Berlim, apresentando imagens com o mesmo grau de detalhe (a mesma escala). Note-se que os limites da região de Berlim ocupam a parte central da imagem, enquanto a área metropolitana de Lisboa servida por transportes estende-se sensivelmente na mesma proporção, mas devido ao relevo, com disposições diferentes.
Se a escala do mapa é a mesma, mais difícil é comparar a realidade dos transportes públicos das duas áreas metropolitanas. Nem vou falar da dimensão da rede, pois aí a dimensão é francamente subjectiva. Vou comparar alguns factos que me parecem interessantes:
1 - Em Berlim, um bilhete 30 dias custa 78,00EUR e permite viajar em toda a rede de transportes em toda a área Metropolitana. Experimente aqui tentar encontrar um bilhete único para toda a área de Lisboa...Valores combinados de apenas alguns dos operadores em Lisboa facilmente ultrapassam os 100,00EUR e não cobrem nem de perto nem de longe a mesma área geográfica... Não consigo perceber quanto custaria um bilhete completo de todos os operadores, mas julgo que ultrapassará sem problemas os 200EUR pelo menos.
2 - Em Berlim, a rede de transportes funciona 24h por dia nas vésperas de sábados ou domingos e ainda vésperas de feriado.
3 - Um bilhete simples para toda a rede custa 2,60EUR em Berlim e permite, durante 2h usar toda a rede. 
4 - Quem comprar o bilhete 30 dias, está autorizado a trabsportar consigo uma pessoa gratuitamente a partir das 20H todos os dias e durante todo o fim de semana.
Podia-me alongar sobre outros requisitos da qualidade de serviço, modernidade e conforto, mas aquilo que se demonstra com alguma facilidade é que por cá entende-se o Transporte Público como "despesa", enquanto em Berlim (e na Alemanha em geral) como investimento ao serviço de pessoas e empresas, com retorno em ganhos económicos.
O resultado em Lisboa é que o serviço é muito mais caro, muito pior e, diga-se, cada vez pior e menos frequente. É um ciclo vicioso que só se quebra com uma mudança ideológica, que permita que a estratégia seja a da motivação do uso e nunca o contrário, permitindo amortizar os ganhos de eficiência com ganhos económicos. Estamos muito longe desta visão e isso explica facilmente boa parte dos nossos atrasos estruturais. 
O nosso primeiro atraso é um défice de mentalidades e de liderança.

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