sexta-feira, 16 de julho de 2010

Estado da Nação

À medida que a crise cavalga proporções preocupantes, e que fica à vista que teremos que mudar de vida, fica também claro que Portugal não se preparou para a Europa.
Não sabemos quais as nossas vocações. Tanto apostamos em produzir automóveis (a gasóleo) como em dizer que a Agro-Industria tem futuro. Não temos um modelo de Turismo consistente. Fazemos auto-estradas mas sem saber o que escoar. Fica claro que por veze so motor do crescimento m omentâneo é a própria auto-estrada em si e as casas que nascem em seu redor. Nada mais.
 
Somos um País com um potencial invejável em várias áreas. Na agricultura e na pecuária, por exemplo, possuimos vocação para produzirmos produtos agrícolas de qualidade incomparável e cuja exportação será sempre garantida. Bons vinhos, bons azeites, boa carne, queijos incríveis, fruta doce e verdadeira, hortícolas, várias espécies de animais cujo sabor resulta da qualidade do nosso ambiente, ainda pouco "fosfatado" quando comparado com outros. Há neste âmbito um conjunto de produtos por explorar em larga escala e que constituem riquezas, como o nosso mel ou as cortiças, cujo futuro é risonho. Não vale a pena é andar a tentar copiar modelos de fora, onde os de fora serão sempre melhores.
Tomara as ricas Alemanhas e outros terem este potencial agro-pecuário que temos! Estão eles condenados a comprar quase tudo a Países como nós, cujo principal problema é não termos percebido isso, e andarmos sistematicamente a convidar "reconchudos" e "engravatados" economistas para programas de TV virem dizer, até à exaustão, que precisamos de "custers" disto e "flexibilização" daquilo e que Portugal tem "constragimentos ambientais"...enfim, uns idiotas (sempre no bom sentido, claro!).
 
Por falar em "clusters" tecnológicos, acho muito bem tudo isso, mas sem cairmos num País actual em que prestamos serviços uns aos outros para produzir...nada! Uns vendem internet, outros fazem estradas, outros barragens. Para quê? Se não houver designios e estratégias, de nada servem essas actividades!
 
O ambiente, o ordenamento do território de base ambiental, a geração de mais-valias produtivas para as quais possamos não ter concorrência generalizada (agro-pecuária biológica e silcultura de ponta, universo das energias renováveis, turismo sustentável e alternativo ligado às Aldeias e à Natureza) são hoje, no novo paradigma que se levanta, as bases para um novo projecto de País, com os pés assentes na terra. Por outro lado, uma aposta pontual em actividades industriais que juntem criatividade, cultura e história, como algumas loiças, mobiliário, conservas, joalheria, calçados e alguns tecidos e tapetes,etc. 
 
Por fim a redução de despesa pública, salvaguardando o tecido empresarial público bem como a saúde, a educação e a segurança social, revendo as empresas muncipais e institutos públicos e cortando na Defesa e em todas as mordomias. Equiparar a electricidade e a água ao preço real e admitir tarifas sociais específicas e direccionadas. Combater o desperdício de energia, permitir o auto-abastecimento alimentar e as deslocações urbanas sustentáveis, cortando em novas estradas e apostando no transporte público, no andar a pé e na bicicleta. Saber poupar, portanto! Algo que os habituais economistas não sabem. Depois do Programa de TV acabar e de terem defendido o corte na despesa e a poupança, levantam-se na cadeira e dirigem-se para o seu BMW preto 2.0 com ar condicionado que está à sua espera no parque de estacionamento.
Não haverá talvez volta a dar.

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