segunda-feira, 4 de junho de 2012

Uma "ciclovida", mas sem consequências

É com alguma frequência que a CM Oeiras encerra temporariamente a marginal para actividades desportivas e de lazer.
É muito positivo que assim seja e em alguns casos bastante inovador.

Há aliás neste procedimento alguns aspectos que considero peculiares e dignos de reflexão. Uns positivos, outros nem tanto.

Por um lado encerra-se ao tráfego, não uma avenida qualquer, mas sim nada mais nada menos do que a EN9, de 4 faixas, com um traçado de distribuição muito acentuado e com alternativas suficientes, mas aos olhos do habitual utilizador consideradas reduzidas ou com recurso a pagamento de portagem, sem haver por isso lugar a qualquer protesto relevante. 
E quando digo relevante também incluo o ACP, que nunca nada disse (pelo menos a que tenha tido acesso).

Por outro lado, o fecho só acontece aos fins de semana ou feriados, pelo que aos olhos do automobilista comum, o "espaço" não está "em perigo"...

Os movimentos "ciclovida", comuns em muitos Países, são caracterizados por um corte cirúrgico de uma via para actividades recreativas a pé e de bicicleta, permitindo o desfrute de um espaço habitualmente para veículos, mas dotando essa acção de uma "experiência" que vise alguma consequência.

No Velo-City 2011 em Sevilha, Peñalosa referiu-se a esta medida sistematicamente perante cidades que, da plateia se levantavam e diziam: "não somos Amesterdão, quase não temos ciclistas, como começamos?". 
Resposta de Peñalosa: "Ciclovida, Ciclovida". 

O que acontece aqui na marginal é bom, mas já se faz há pelo menos 5 anos sem daqui ter havido qualquer consequência para a melhoria da circulação pedonal e de bicicleta neste traçado. Corta-se, abre-se. Corta-se, abre-se. Tudo na mesma.
Não, o passeio marítimo não é solução para as bicicletas, já que está interdito entre as 08h e as 20h, o que se compreende dada a necessidade de assegurar a segurança de peões, que são muitos por lá.

Daqui resulta que é essencial melhorar a circulação de bicicletas entre Algés e Cascais. 
Alguém percebe que em 2012 não seja possível circular entre Lisboa e Cascais de bicicleta?

Não vejo outra alternativa do que olhar para o espaço viário da marginal e assumir que de todo aquele espaço viário, algum terá mesmo que ser afecto à bicicleta.
Há várias soluções de tipologias, mas uma coisa é certa: qualquer delas requer retirada de espaço automóvel. 
É uma decisão que não é pacífica mas as muitas dezenas de milhares de pessoas que usufruem da marginal a pé e de bicicleta através destas "ciclovidas" são os principais cidadãos potencialmente defensores desta medida.

Haja consequência!





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