sábado, 27 de novembro de 2010

Do projecto à realidade: Parque Hortícola inaugurado em Carcavelos

Hoje foi um grande dia para mim como arquitecto paisagista.
Pude assistir à inauguração do Parque Hortícola chamado de "Horta Comunitária do Bairro de S. João" na Rebelva, Carcavelos, concelho de Cascais.

Englobado na requalificação dos espaços exteriores daquele Bairro, cujo projecto que tive o privilegio de coordenar, surgiu a meio do processo a ideia de tornar uma parte da área em espaço agrícola. Impulsionado pela Junta de Freguesia de Carcavelos e mais tarde pela Agenda Local 21 de Cascais, o projecto arranca hoje com a totalidade dos talhões entregues aos "hortelãos" e com uma lista de espera de mais de 50 pessoas só naquele bairro.
A Agenda Local 21 vai dar formação às pessoas e destacou técnicos para acompanharem estes projectos.

Carlos Carreiras, Vice-Presidente da CM Cascais inaugurou a obra chamando a atenção no seu discurso para a importância destes espaços em meio urbano nos tempos que correm, lembrando justamente Ribeiro Telles e toda a sua vida de dedicação a esta (e outras causas) ecológicas. E tem toda a razão. Os espaços verdes têm que deixar de ser sumidouros de recursos financeiros, áreas tantas vezes inúteis, "regalos" para a vista de uns, uma dor de cabeça para quem os tem que manter ou pagar que seja mantido. E com falta de orçamento, teremos mesmo que nos virar para esta tipologia.

Mas não apenas as Hortas Urbanas tem defendido Ribeiro Telles. Se ouvíssemos tudo o que Ribeiro Telles defende e tem defendido para o território, naturalmente que hoje a nossa capacidade de choque perante a crise seria seguramente diferente.
Afastámo-nos da terra, vivemos de sonhos e a crédito, vivemos de sonhos artificiais, assentes numa sociedade esbanjadora de recursos e de energia.
Construímos demais, construimos mal, hipotecámo-nos a comprar casas caras e em cima de leitos de cheia e solos agrícolas, pagámos uma impressionante rede de estradas que faz funcionar tudo isto e hoje em crise voltamos a olhar para o nosso mundo, mas de outra maneira.
Talvez a crise tenha vindo para nos ajudar. Para nos ajudar a pensar e a gerir melhor o nosso dinheiro.

Ontem ouvi o Prof. Augusto Mateus alertar nesta conferência para estas questões, para a necessidade da saída da crise passar por exemplo para o regresso à rua como local de comércio, pelo que pude comentar informalmente com o Professor no final que, para mim, há economistas que cada vez mais me parecem ecologistas. Será assim? A economia hoje em dia, em tempos de crise, aproxima-se do pensamento ambiental, da poupança de recursos?
Na mesa da conferência as tradicionais garrafas de água foram substituídas por jarros de água da torneira...

Mas voltando ao tema: Hoje, em que um projecto sustentável acaba como projecto e uma nova vida deste espaço começa, resta-me ter confiança no futuro e deixar os parabéns aos técnicos e também aos políticos que permitiram que tudo isto acontecesse.
Sim, alguém fez uma coisa certa. Um político, seja de que partido for, fez e com notório orgulho, uma coisa certa.
É de apoiar e é de divulgar, para que amanhã haja mais e melhor.
Parabéns!

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