segunda-feira, 8 de março de 2010

O Massacre!

Escrevo estas linhas depois de ter passado 5 horas e meia (!!!) num centro de saúde do SNS à espera de uma consulta de...10 minutos.

Vejamos: estou doente, uma amigdalite valente, febres intermitentes, enfim, "fruta da época" como se diz. Porque a auto-medicação convencional a anti-inflamatórios não vence o inimigo, parto para o centro de saúde a pedir reforços, de especialistas.

Não tenho médico de família. Não, não é em Freixo de Espada à Cinta nem na Ilha das Flores, pois lá toda a gente tem médico. É aqui na área de Lisboa. Por aqui, a maioria das pessoas não tem médico de família, nem nunca terá tão cedo. É uma fatalidade deste "interior" esquecido e injustiçado. Pois bem, sem médico de família o SNS faz-lhe o favor de o deixar ser visto por algum médico disponível e dentro das possibilidades. Partilhei portanto um médico com os seus doentes habituais e com todos os outros que, como eu, precisaram de ser vistos esporadicamente.

Após 5,5 horas de espera e depois de abrir a boca durante 10 segundos, o médico prescreveu o bendito remédio.

Mas não é o pagar impostos e não ter médico, a não ser que espere quase 6 horas, que me revolta.
É sim o facto de ter que suportar na sala de espera a programação da manhã da TVI...Manuel Luis Goucha e Cristina Ferreira massacram os telespectadores de Portugal (mais propriamente dos consultórios médicos que conheço...) com um Programa inacreditável, que dura 3 horas (!) e que constitui um caso exemplar do que é a nossa televisão durante o tempo em que estamos a trabalhar.

Posso ficar tratado da amigdalite mas quem me cura de 3 horas em que este duo, de sorriso 32 na cara (a Cristina Ferreira, "conhecida estrela" de revistas de TV e afins, dá gargalhadas ruidosas enquanto se contorce toda...), conduziu uma série de entrevistas sobre coisa nenhuma!
Como era o dia da mulher, tivemos que assistir a mulheres a mudarem pneus de carro ao vivo enquanto homens passavam camisas a ferro. Até uma fralda de um miúdo de ano e meio mudaram em palco, com o dito cujo aos berros de susto! Pudera!

Ainda tive o prazer de vêr o "Jornal da uma", que acaba quase às duas e meia, seguido da entrada fulgurante da Júlia Pinheiro para o seu show "As tardes de Júlia"...

O Sr. Dr. lá me chamou ao microfone, mas não conseguiu evitar que eu ainda visse uma excepcional entrevista de Júlia a uma mulher que namorou dois anos às escondidas dos pais!

Que tortura!
Querem acabar com o SNS?
Já percebi que sim, mas valerá mesmo tudo para afugentar os contribuintes para os seguros de saúde privados?


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