domingo, 21 de fevereiro de 2010

É quando não chove que os culpados se distinguem

Créditos da Imagem:
http://www.ionline.pt/ifotogaleria/47717-30979-madeira-centro-comercial-destruido-possibilidade-mortos-no-estacionamento-


Quando escrevo estas linhas, o balanço provisório da catástrofe Madeirense vai em 40 mortos confirmados.
Há inúmeros desaparecidos pelo que se teme que este número possa crescer.

Os tempos agora são de enterrar os mortos e tratar dos vivos. Mãos à obra e todos unidos.
Mas quando vejo as imagens na televisão, não posso deixar de me revoltar. Uma revolta que abafo na hora nesta hora de enterrar os mortos, mas que é preciso tratar dela quando tudo serenar.
É a revolta de quem vê as ribeiras a transbordarem os leitos e levarem vidas humanas e bens materiais.
É a revolta de quem ouve Joe Berardo e o Presidente da Câmara do Funchal em uníssono dizerem que vir acusar os poderes Madeirenses de má gestão urbanística é de gente "sem formação nesta área"!

Nem seria preciso ter grande formação para saber perceber os erros, ao ver leitos de cheia outra vez a céu aberto, ver casas a ruir com a força das águas, ver estradas em zona proibida a desaparecer. Há caves de centros comerciais submersas.

No momento em que isto acontece, Autarcas de várias Câmaras Municipais da Área Metropolitana de Lisboa disparam contra a CCDR-LVT pelo PROTAML (Plano Regional de Ordenamento da Área Metropolitana de Lisboa) vir propôr "corredores vitais" em áreas já com "compromissos urbanísticos".
É por falta de corredores vitais que uma cheia excepcional faz mais ou menos estragos.
Aos técnicos e autarcas que querem construir em corredores vitais, há que fazê-los olhar agora nos olhos da Sociedade (e da Justiça) para quando as desgraças acontecerem sabermos logo com quem devemos ir falar.

É quando não chove que os culpados se distinguem.

Nota Final: a chuvada da Madeira foi excepcional e imprevisível, apesar de ter havido um aviso de alerta vermelho através das imagens de radar. Terá sido a chuvada dos 100 anos.
Haveria sempre estragos avultados provocados por esta ocorrência.
O que está em causa não é a força dos fenómenos naturais, contra os quais não podemos fazer nada, mas sim a dimensão dos prejuízos humanos e materiais que só acontece pela gestão humana do território.
--
Duarte d´Araújo Mata

2 comentários:

  1. Caro Duarte,

    Existem casos menos bons de gestão urbanística, mas 90% dos estragos iriam ocorrer mesmo que esses casos não existissem.

    ResponderEliminar
  2. Caro Anónimo: apesar de 10% ser muito quando toca a mortos e prejuízos de milhões, parece que o Instituto de Meteorologia fala de uma chuvada ainda maior que esta em 1976, sem os prejuízos nem de perto nem de longe desta ocorrência. O que terá acontecido desde 1976 para agora que faça tantos prejuízos para uma mesma ocorrência? Cumprimentos

    ResponderEliminar

Os comentários estão sujeitos a moderação. Serão publicados assim que possível. Obrigado

 
Site Meter